Ucrânia diz que evitou atentado de mulher contra Zelenski
7 de agosto de 2023O serviço de segurança da Ucrânia (SBU) divulgou nesta segunda-feira (07/08) que deteve uma informante suspeita de auxiliar a Rússia em um ataque contra o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, quando ele visitou uma região atingida por enchentes em Mykolaiv, no sul da Ucrânia.
Segundo o SBU, a mulher detida estava reunindo informações para descobrir o itinerário de Zelenski antes da visita. O órgão também divulgou uma imagem borrada dela sendo detida por policiais mascarados na cozinha de uma casa, bem como mensagens telefônicas e anotações de atividades militares.
No serviço de mensagens Telegram, Zelenski confirmou que foi informado pelo chefe do SBU sobre a "luta contra os traidores" – regularmente, a Ucrânia acusa residentes de áreas que apoiam a Rússia de repassar informações a militares russos.
Recentemente, Zelenski visitou Mykolaiv duas vezes: em junho, depois que a região foi atingida por inundações causadas pelo rompimento da barragem de Kakhovka, e em julho, depois de um bombardeio.
O SBU afirmou que estava ciente da ameaça e, por isso, adotou medidas de segurança adicionais durante a visita de Zelenski.
A suspeita era de que a mulher estaria ajudando a Rússia a preparar um "ataque aéreo maciço na região de Mykolaiv". Supostamente, ela buscava informações sobre a localização de sistemas eletrônicos de guerra e depósitos de munição.
Pena de até 12 anos de prisão
O SBU informou também que prendeu a mulher em flagrante quando ela tentava repassar dados para os serviços secretos russos. Antes, ela havia sido monitorada para que a organização obtivesse mais informações sobre os agentes russos, para os quais ela trabalharia, e suas atribuições.
A suspeita seria moradora da pequena cidade de Ochakiv, na região de Mykolaiv, e havia trabalhado em uma loja de uma base militar naquela área, onde fez fotografias e tentou obter informações por meio de contatos pessoais.
Ela pode ser acusada de divulgação não autorizada de informações a respeito da movimentação de tropas e armas e, se condenada, poderá cumprir pena de até 12 anos de prisão.
Soldados ucranianos libertados
Também nesta segunda-feira, a Ucrânia anunciou que pelo menos 22 soldados ucranianos foram libertados de cativeiros russos, alguns deles feridos após lutarem em diferentes frentes na guerra. A informação foi divulgada pelo gabinete presidencial do país.
Conforme escreveu no Telegram o chefe de gabinete, Andrii Yermak, "o mais velho dos nossos soldados tem 54 anos, e o mais jovem, 23". Eles receberão ajuda médica e psicológica.
Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, em fevereiro de 2022, os dois países já realizaram diversas trocas de prisioneiros. Na maioria dos casos, as partes costumam trocar o mesmo número de combatentes.
Estima-se que cerca de 2,6 mil ucranianos já retornaram de cativeiros russos desde o início da guerra, de acordo com os números de Kiev.
Críticas de Zelenski a Lula
No domingo, Zelenski criticou o presidenteLuiz Inácio Lula da Silva por mais uma declaração relativizando a invasão da Ucrânia. Lula disse que tanto o líder ucraniano quanto o presidente russo, Vladimir Putin, buscam ganhar o conflito enquanto pessoas morrem, e que nenhum dos dois fala em negociação.
O assessor internacional de Lula, Celso Amorim, disse que as preocupações de segurança da Rússia são reais e precisam ser consideradas, o que Zelenski vê como um alinhamento brasileiro às "narrativas" russas sobre a guerra.
Em entrevista a veículos latino-americanos, Zelenski disse que "só Putin e Lula falam sobre a segurança da Rússia".
"O Brasil é muito mais respeitado do que a Rússia hoje no mundo. O Brasil não é um país agressor, mas pacífico. Por que Lula precisa concordar com as narrativas de Putin, que não é diferente de nenhum colonizador?", afirmou.
Sob Lula, o Brasil vem defendendo uma negociação de paz entre a Rússia e a Ucrânia, intermediada por países considerados neutros, o que se encaixa na histórica posição de neutralidade que a diplomacia brasileira adota.
Ao mesmo tempo, algumas falas de Lula a respeito da guerra têm sido vistas pela Ucrânia e pelo Ocidente como um aceno a Moscou.
gb/le (AFP, DPA)