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Ucrânia promete mais autonomia ao leste e "status especial" à língua russa

18 de abril de 2014

Na esteira do acordo com Rússia, governo em Kiev promete implementar reforma constitucional a fim de atender demandas de grupos separatistas. Apesar dos avanços diplomáticos, pró-russos seguem ocupando prédios públicos.

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Ukrainischer Übergangspräsident Alexander Turtschinow vor dem Parlament in Kiew 15.03.2014
Foto: Imago

O governo da Ucrânia retomou nesta sexta-feira (18/04) as discussões para implementar uma reforma constitucional no país, a fim de conceder mais direitos à população de idioma russo que vive em território ucraniano. As mudanças na legislação também deverão conceder maiores poderes aos governos regionais.

"Concederemos um status especial à língua russa", afirmaram o presidente interino da Ucrânia, Olexandr Turtchinov, e o primeiro-ministro interino, Arseniy Yatsenyuk, em discurso transmitido pela televisão. "O governo ucraniano está pronto para uma reforma constitucional socialmente compreensiva, que reforce os poderes das regiões", garantiram.

Os dois ainda fizeram um chamado à unidade nacional e conclamaram a população a não se envolver em atos de violência. Maior autonomia às regiões sul e leste da Ucrânia e reforço da língua russa no país estão entre as principais demandas dos separatistas, que ocupam prédios públicos de pelo menos 10 cidades no leste.

Mais cedo, Yatsenyuk havia dito ao Parlamento que o governo preparou um projeto de lei propondo anistia a todos que concordarem em baixar as armas e desocupar prédios públicos.

Situação tensa

O discurso de Turtchinov e Yatsenyuk ocorre um dia depois de Rússia e Ucrânia terem concordado com o desarmamento das milícias separatistas no leste ucraniano a fim de reduzir a violência entre pró-russos e forças nacionais de segurança. O acordo foi intermediado por Estados Unidos e União Europeia, durante encontro em Genebra na quinta-feira.

Apesar do acerto, a situação continua tensa no leste da Ucrânia. Houve tiroteio durante a madrugada desta sexta-feira em Slaviansk, leste da Ucrânia, quando tropas do governo derrubaram uma barricada erguida por separatistas uniformizados.

Ukraine Donetsk Separatisten Besetzer
Separatistas ocupam prédio público em DonetskFoto: DW/O. Sawitski

Insurgentes do leste deixaram claro que só deixarão os prédios públicos que ocupam em mais de 10 cidades quando o governo interino em Kiev renunciar. Denis Pushilin, porta-voz da autoproclamada República Popular de Donetsk, afirmou à imprensa que os separatistas não reconhecem como legítimo o governo em Kiev.

Pushilin disse ainda que o ministro russo do Exterior, Sergei Lavrov, que participou do encontro desta quinta-feira em Genebra para encerrar o conflito no leste ucraniano, "não assina nada" em nome dos militantes. "Vamos continuar até o fim", garantiu o líder separatista, ao lado de dois homens mascarados, no prédio da administração da cidade de Donetsk, ocupado pelo grupo.

Acordo ameaçado

A posição ameaça o acordo celebrado em Genebra, segundo o qual todas as partes do conflito renunciariam à violência, a intimidações e a provocações. O acerto estabelece que os insurgentes devem deixar os prédios públicos ocupados no leste ucraniano.

"Este é um acordo razoável, mas então todos devem deixar os prédios públicos ocupados ilegalmente, incluindo Yatsenyuk (primeiro-ministro interino da Ucrânia) e Turtchinov (presidente interino)", reclamou Pushilin.

MSB/dpa/rtr