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UE quer saber se TikTok influenciou eleições na Romênia

5 de dezembro de 2024

Após vitória surpreendente de candidato pró-Rússia no primeiro turno, autoridades do bloco ordenam congelamento de dados na plataforma relacionados à campanha eleitoral.

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Calin Georgescu, candidato a presidente da Romênia, é escoltado por seguranças
Candidato pró-Rússia nas eleições presidenciais da Romênia, Calin Georgescu era um nome relativamente desconhecido, mas acabou se qualificando para o segundo turnoFoto: Alexandru Dobre/AP/picture alliance

Alegando suspeitas de interferência indevida nas eleições presidenciais na Romênia, a União Europeia anunciou nesta quinta-feira (05/12) que ordenou o congelamento de dados no TikTok associados à campanha.

A determinação é amparada pela Lei dos Serviços Digitais da UE (DSA, na sigla em inglês), aplicável a plataformas de rede social e empresas de tecnologia que operam na Europa.

A UE quer que o TikTok "congele e preserve dados relacionados a riscos sistêmicos reais ou presumíveis" que a plataforma possa representar a "processos eleitorais e ao discurso cívico" dentro do bloco.

A investigação da UE se baseia em relatórios de autoridades romenas de inteligência que acusam a Rússia de interferir no processo eleitoral do país. Moscou nega as acusações.

Ultradireitista, fundamentalista cristão ortodoxo e admirador do líder russo Vladimir Putin, Calin Georgescu era um candidato relativamente desconhecido nas eleições, mas surpreendeu ao se revelar o mais bem votado no pleito de 24 de novembro. Ele ainda precisa passar pelo segundo turno, no próximo domingo (08/12), quando enfrentará a candidata reformista pró-UE Elena Lasconi.

A Romênia é um país de regime semipresidencialista. O presidente é o chefe do Estado, enquanto a chefia de governo cabe ao primeiro-ministro.

Apesar disso, analistas dizem temer que uma vitória de Georgescu possa levar a um isolamento internacional do país e à mudança de sua postura pró-UE.

Nas eleições parlamentares, realizadas no último domingo (01/12), partidos de ultradireita tiveram bom desempenho, mas foram os social-democratas que emergiram como maior força política e esperam, por isso, poder compor um governo pró-UE.

TikTok refuta acusações de interferência nas eleições romenas

A rede social TikTok afirmou que coopera com a investigação da UE, e disse estar ansiosa para "estabelecer os fatos diante da especulação e dos relatos imprecisos" que têm circulado sobre o assunto.

A empresa, que pertence ao grupo chinês ByteDance, nega que sua plataforma tenha sido usada para interferir nas eleições da Romênia.

A campanha de Georgescu foi feita exclusivamente via redes sociais. O candidato não compareceu a debates e também dispensou cartazes eleitorais, investindo em vez disso em centenas de vídeos publicados no TikTok.

Neles, Georgescu pode ser visto nadando em um lago no inverno, acendendo velas diante de uma imagem em uma igreja ortodoxa e galopando em cima de um cavalo, trajando roupas tradicionais da Romênia,

Os vídeos acabaram somando milhões de visualizações. Canais de apoio ao candidato surgiram rapidamente em outras redes, como o Facebook, Instagram e X.

Campanha é investigada pelo Ministerio Público

O Ministério Público da Romênia também anunciou a abertura de uma investigação sobre Georgescu por suspeita de lavagem de dinheiro e outras atividades ilegais durante a campanha.

Embora Georgescu alegue não ter gasto nenhum centavo em sua campanha no TikTok, um relatório de inteligência das autoridades romenas estima que os gastos podem ter sido de cerca de 1 milhão de euros (R$ 6,37 milhões). O candidato teria sido impulsionado de forma maciça nas redes sociais por ações coordenadas entre diferentes contas e anúncios pagos.

Na quarta-feira, o Departamento de Estado americano disse em comunicado estar "preocupado" com o relatório que cita "envolvimento russo em atividades cibernéticas malignas programadas para influenciar a integridade do processo eleitoral romeno".

O relatório que levanta suspeitas contra Georgescu foi elaborado pelo Conselho Supremo de Defesa da Romênia (CSAT), órgão liderado pelo presidente romeno, Klaus Iohannis, e que inclui também os chefes dos serviços secretos, os militares e vários ministros de governo.

ra (Reuters, AFP, AP)