Cameron diz que não vai pagar conta extra de 2 bilhões de euros à UE
24 de outubro de 2014O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, afirmou nesta sexta-feira (24/10) que seu país não fará um pagamento adicional de 2,1 bilhões de euros à União Europeia (UE), após ter a conta apresentada pelas autoridades de Bruxelas.
"Isso não é aceitável, é uma maneira ofensiva de se comportar", declarou Cameron, visivelmente irritado, durante uma entrevista. "Eu não vou pagar essa conta no dia 1º de dezembro. Se as pessoas acham que eu vou, elas verão outra coisa acontecer. Isso não vai acontecer."
Uma revisão no desempenho econômico dos países-membros mostrou que o Reino Unido está numa situação melhor do que a prevista, e portanto deveria contribuir com um valor maior do que o inicialmente previsto para o orçamento da União Europeia. Pela primeira vez, o cálculo inclui setores da economia informal, como o tráfico de drogas e a prostituição.
Cameron, que vai concorrer à reeleição no ano que vem, está sob pressão no Reino Unido, onde o partido eurocético Ukip ganha espaço entre os eleitores. Também dentro do seu partido há cada vez mais vozes críticas à União Europeia.
Os britânicos estão entre os maiores contribuintes ao orçamento da UE, com cerca de 10 bilhões de euros anuais. "A UE é como um vampiro sedento se deleitando com o sangue dos contribuintes britânicos. Temos que proteger as vítimas inocentes, que somos nós mesmos", disse o líder do Ukip, Nigel Farage.
Pelos cálculos de Bruxelas, outros países, como a Alemanha e a França, deverão receber dinheiro de volta, o que torna a situação ainda mais delicada. Para os alemães, está previsto um retorno de quase 800 milhões, e para os franceses, de cerca de 1 bilhão de euros.
Cameron já prometeu aos eleitores britânicos que, se reeleito em maio, vai renegociar a relação do Reino Unido com a União Europeia, antes de realizar um referendo sobre a permanência no bloco, em 2017. Em Bruxelas, ele voltou ao tema. "Se você apresenta uma conta como essa um mês antes do vencimento, isso ajuda a permanência do Reino Unido na União Europeia? Claro que não", disse.
Além do Reino Unido, outros países também foram convocados a pagar mais, entre eles a Itália, a Holanda e até a combalida Grécia. Os valores apresentados são provisórios e ainda serão debatidos pelos países-membros.
AS/afp/rtr/ap