UE avalia acordo com Brasil
7 de julho de 2008Os ministros do Meio Ambiente e Energia da União Européia (UE) deram sinais de que consideram a possibilidade de um acordo com o Brasil sobre os biocombustíveis, ao final de um encontro informal de três dias em Paris, no final de semana.
No mesmo encontro, os ministros também sinalizaram que poderão rever a meta de elevar para 10% o percentual de energias obtidas de fontes renováveis no total utilizado pelo transporte terrestre até 2020. Esse percentual não deverá ser alcançado apenas com o uso de biocombustíveis, mas também com veículos elétricos.
Com isso, os ministros reagiram às crescentes críticas aos biocombustíveis. Segundo o ministro francês do Meio Ambiente, Jean-Louis Borloo, há 18 meses eles pareciam uma idéia excelente, mas agora seu valor já não está tão claro. Segundo recente relatório do Banco Mundial divulgado pelo jornal britânico The Guardian, 75% da alta dos preços dos alimentos é causada pelo uso de cereais na produção de biocombustíveis.
Acordo com o Brasil
Borloo declarou que há um consenso entre os ministros para apoiar a idéia do eurodeputado Claude Turmes, que sugeriu que a UE deveria firmar um acordo bilateral com o Brasil para a importação de biocombustíveis. Turmes é relator do projeto sobre energias renováveis no Parlamento Europeu.
"Minha análise mostra que o único país do qual podemos comprar de forma sustentável quantidades substanciais de agrocombustíveis neste momento é o Brasil", afirmou Turmes à agência de notícias Reuters.
"Um acordo desse tipo seria um precedente, com critérios rígidos tantos em temas sociais como de sustentabilidade. Ao mesmo tempo, o Brasil teria que comprovar que pode deter o desmatamento", completou.
Pacote até o final do ano
A França ocupa a presidência rotativa da União Européia até o final deste ano. Até lá, o bloco de países pretende concluir seu pacote para o setor energético, com o objetivo de acompanhar as negociações com a comunidade internacional sobre um novo acordo mundial sobre proteção do clima.
Em março de 2007, os 27 países-membros decidiram elevar para 25% o percentual de energias renováveis na sua matriz energética. No setor de transportes, o percentual deve chegar a no mínimo 10%.