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Usinas nucleares da UE

15 de março de 2011

Europeus mostram-se preocupados com eventuais acidentes nucleares, após desastres no Japão. Áustria pressiona para que todos os países-membros realizem análises de risco em suas usinas termonucleares.

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Comissário da UE Günther Oettinger quer reunião extraordinária sobre segurança de centrais nuclearesFoto: picture-alliance/ dpa

O ministro do Meio Ambiente da Áustria, Nikolaus Berlakovich, exigiu "testes de resistência" para todos os reatores nucleares na União Europeia. Segundo ele, análises de risco podem mostrar se os programas de segurança ainda se mantêm válidos, em face da experiência no Japão. A sugestão foi feita durante o encontro dos ministros do Meio Ambiente da UE em Bruxelas, nesta segunda-feira (14/03). A Áustria não possui usinas termonucleares em atividade.

"A população europeia está insegura. Assim, devem-se realizar logo os testes de resistência. Foram feitos 'testes de estresse' com os bancos: isso deu segurança à economia. Agora, as pessoas esperam segurança pessoal, portanto devemos testar as usinas nucleares", disse Berlakovich.

Nada é impensável

O comissário da UE para Energia, Günther Oettinger, convidou para uma reunião extraordinária representantes dos órgãos fiscalizadores, das operadoras de energia e dos construtores de usinas de todos 27 Estados-membros do bloco europeu.

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Protesto em Leipzig por desligamento das usinas alemãsFoto: picture-alliance/dpa

Em entrevista à rádio Deutschlandfunk, Oettinger lembrou que, poucos dias atrás, o que acontece agora no Japão seria impensável. "Por isso, nós, na Europa, não devemos jamais dizer que nossos modelos teóricos contêm tudo. Para nós, um vírus de computador ou uma queda na rede elétrica tampouco são inimagináveis", disse.

A falha de abastecimento elétrico nas unidades nucleares japonesas provocou o colapso do sistema de refrigeração dos reatores. O comissário da UE informou que as regulamentações de segurança e os padrões para todas as 143 unidades de energia nuclear nos 14 países-membros com reatores em atividade precisam ser testados, mas "a fundo e sem julgamentos precipitados".

O processo pode "durar dias, mas é de grande valor para todos. Está claro que segurança é indivisível na Europa, portanto a Áustria, mesmo não tendo nenhuma usina nuclear, é afetada pelas questões de segurança", declarou Oettinger.

Indagada como encara a energia atômica, diante da situação no Japão, a comissária da UE para o Clima, Connie Hedegaard, replicou: "Podemos torcer a coisa como quisermos: ainda vamos ter que manter a energia nuclear por um bom tempo. A questão pertinente aqui é a segurança".

França tem maioria dos reatores

Em princípio, a produção de energia é assunto de cada Estado-membro da União Europeia, assim como o aspecto da segurança. A UE tem somente uma função coordenadora na política atômica, os governos nacionais são responsáveis pelo licenciamento e supervisão de suas usinas nucleares.

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Usina de Philippsburg, Karlsruhe, também deve ser submetida a testes de resistênciaFoto: picture-alliance/ ZB

Alguns países da UE, como a Alemanha, pretendem, a longo prazo, abandonar a energia nuclear. Outros países, como a Itália ou a Polônia, se preparam para adotar essa forma de produção. A República Tcheca, Eslováquia, Bulgária e Lituânia pretendem construir novas unidades termonucleares.

Com um total de 58 unidades, responsáveis por 75% da energia do país, a França é, de longe, a campeã europeia em número de usinas nucleares. O país ainda exporta energia elétrica de origem termonuclear em grande quantidade, por exemplo, para a Itália. Também a Bélgica produz mais energia do que consome.

A ministra francesa do Meio Ambiente, Nathalie Kosciusko-Morizet, assegurou à rádio Europe 1 que as unidades de seu país são suficientemente protegidas contra catástrofes naturais. A usina de Fessenheim, na fronteira da Alemanha, por exemplo, suportaria um terremoto de 6,7 pontos na Escala Richter.

O ministro britânico da Energia, Chris Huhne, declarou à BBC ter pedido aos órgãos de fiscalização atômica de seu país que estudem atentamente os desastres no Japão, aplicando suas eventuais conclusões às 19 unidades nucleares britânicas. A Alemanha informou que irá rever os modelos de segurança de todas as suas centrais termonucleares. Em 2010, o prazo de funcionamento destas foi prorrogado. Uma decisão que agora deve ser revista.

Autor: Bernd Riegert (MP)
Revisão: Augusto Valente