Investigação independente
1 de janeiro de 2008A missão de observadores europeus das eleições presidenciais do Quênia pediu nesta terça-feira (01/01) uma investigação "totalmente independente" do resultado do pleito devido a irregularidades no processo eleitoral.
O pedido foi feito durante uma entrevista concedida pelo chefe da missão, o eurodeputado alemão Alexander Lambsdorff, dois dias depois da comissão eleitoral proclamar vencedor das eleições de quinta-feira passada o presidente Mwai Kibaki. Lambsdorff afirmou terem sido registradas "graves anomalias" durante a contagem de votos.
De acordo com a missão da União Européia (UE), quase todas as irregularidades detectadas beneficiaram o partido de Kibaki, que tomou posse cerca de uma hora depois de ter sido anunciada a sua reeleição. O observadores disseram já ter entregue o pedido de uma investigação independente à comissão eleitoral, mas que ainda não obtiveram resposta.
Alemanha apóia investigação
O governo alemão apoiou o pedido dos observadores. O ministro das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, afirmou que as discrepâncias verificadas na contagem de votos devem ser apuradas. "O governo alemão apóia de forma explícita a exigência dos observadores europeus de uma investigação independente do resultado eleitoral."
A ministra alemã da Ajuda ao Desenvolvimento, Heidemarie Wieczorek-Zeul, disse ao jornal Der Tagesspiegel que essa tarefa pode ser executada pela União Africana. "Apenas uma eleição cuja legitimidade não é questionável pode servir de base para um governo com credibilidade no Quênia", afirmou.
De acordo com um relatório preliminar divulgado pela missão, os observadores europeus contaram 50 mil votos para Kibaki num distrito eleitoral, mas a comissão eleitoral atribuiu ao presidente 75 mil votos. Um segundo caso semelhante a esse foi verificado, afirma o documento. Os observadores disseram ainda terem sido impedidos de assistir a algumas contagens dos votos.
Os motins que se seguiram às eleições, primeiro pela demora da contagem dos votos e depois pelo anúncio da reeleição de Kibaki, já causaram a morte de ao menos 250 pessoas em todo o país. (as)