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UE dificulta entrada de turistas russos

31 de agosto de 2022

Em mais uma sanção contra a Rússia devido à guerra na Ucrânia, obter vistos para viajar para a União Europeia será mais caro e mais demorado para os cidadãos russos.

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Casal puxa malas de rodinhas perto de uma fronteira
Quase um milhão de viajantes com passaporte russo entraram na UE desde o começo da guerra na UcrâniaFoto: Peter Kovalev/TASS/dpa/picture alliance

Os países da União Europeia (UE) concordaram nesta quarta-feira (31/08) em dificultar a entrada de cidadãos russos nos 27 Estados-membros do bloco, mas não chegaram a um acordo sobre a imposição de uma proibição total de turistas da Rússia em resposta à guerra da Ucrânia.

Em encontro na República Tcheca, os ministros das Relações Exteriores da UE decidiram tornar mais caro e demorado para os cidadãos russos obterem vistos de curto prazo para entrar no espaço Schengen (zona de livre trânsito na Europa, que, além da maioria dos países da UE, inclui Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça).

A mudança será possível com a suspensão de um acordo de 2007 criado para facilitar as viagens entre a Rússia e a Europa. Em maio, a UE já havia reforçado as restrições de visto para funcionários e empresários russos.

Após o encontro, o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, destacou o número crescente de russos que chegou à Europa desde meados de julho, alguns "para lazer e compras, como se nenhuma guerra estivesse ocorrendo na Ucrânia".

Segundo Borell, isso se "tornou um risco de segurança" para os países europeus que fazem fronteira com a Rússia. No entanto, ele também ponderou que uma proibição geral de vistos não seria prudente.

Estudantes, jornalistas e aqueles que temem por sua segurança na Rússia ainda poderão solicitar vistos. A medida não terá impacto imediato sobre os cerca de 12 milhões de vistos já emitidos para cidadãos russos, mas a UE estuda formas de congelá-los.

Ucrânia critica medida

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, descreveu a decisão como uma "meia medida". Para ele, vistos só deveriam ser emitidos para russos por motivos humanitários ou para ajudar aqueles que claramente se opõem à guerra de Putin.

"A era da paz na Europa acabou, assim como a era das meias medidas. Meias medidas são exatamente o que levaram à invasão em grande escala'', disse ele após a reunião.

Homem com mochila embarca em trem
Alemanha é um dos países contrários a uma proibição total de turistas russosFoto: Binh Truong/Photoshot/picture alliance

Países pressionam por mais restrições

Países como Polônia, Estônia, Letônia, Lituânia, Finlândia e Dinamarca defenderam uma proibição mais ampla de turistas russos.

"Precisamos aumentar imediatamente o preço para o regime de Putin", disse o ministro das Relações Exteriores da Estônia, Urmas Reinsalu. "A perda de tempo está sendo paga com o sangue dos ucranianos", acrescentou.

O ministro das Relações Exteriores da Finlândia, que compartilha a fronteira mais longa da UE com a Rússia, sublinhou que seu país reduzirá, a partir desta quinta-feira, o número de vistos entregues a cidadãos russos para 10% do normal. Além disso, será possível solicitar o documento em apenas quatro cidades russas.

"É importante mostrarmos que, enquanto os ucranianos estão sofrendo, o turismo normal não deve continuar como era", disse o ministro das Relações Exteriores, Pekka Haavisto. "A Finlândia já tomou sua decisão de limitar a quantidade de vistos de turistas. Esperamos que toda a União Europeia tome decisões semelhantes."

Antes das negociações desta quarta-feira, o ministro das Relações Exteriores da Dinamarca, Jeppe Kofod, expressou esperança de que uma posição comum da UE pudesse ser encontrada, apontando para o fato de que a maioria dos ucranianos não tem o luxo de escolher se pode ou não deixar seu país devastado pela guerra.

"Tem que haver consequências em todas as frentes", disse Kofod. "Queremos limitar os vistos para turistas russos, enviar um sinal claro para Putin, para a Rússia, que o que ele está fazendo na Ucrânia é totalmente inaceitável."

Mais longe da fronteira, mais concessões

No entanto, os países europeus mais distantes das fronteiras da Rússia e da Ucrânia, como França, Alemanha e Bélgica, relutam em apoiar medidas mais abrangentes.

A ministra das Relações Exteriores da Bélgica, Hadja Lahbib, ponderou que é importante evitar a criação de um sistema muito segmentado, em que "os russos possam fazer uma espécie de compra de vistos entre os países da União Europeia".

"É muito importante atingir as pessoas certas. Ou seja, aqueles que apoiam esta guerra injusta contra a Ucrânia e aqueles que tentam fugir das sanções que impomos", disse ela.

De acordo com a Frontex, a agência de controle de fronteiras da UE, quase um milhão de viajantes com passaporte russo entraram no bloco desde o começo da guerra na Ucrânia. A maioria chegou pela Finlândia (333 mil), Estônia (234 mil) e Lituânia (132 mil).

O alto número de viagens por terra pode ser explicado pela falta de voos diretos entre a Rússia e o bloco europeu desde o início da guerra. Como resultado, países como Alemanha e França agora são mais difíceis de alcançar.

le/bl (AP, AFP, Reuters)