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UE e Reino Unido sinalizam divergências pós-Brexit

3 de fevereiro de 2020

Bruxelas oferece negociação de um acordo comercial "altamente ambicioso", mas exige que Reino Unido se atenha aos padrões do bloco e que sejam incluídos termos relativos à pesca, ponto que deve ser motivo de discórdia.

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Boris Johnson
Johnson disse que seu país não fará concorrência desleal Foto: picture-alliance/AP Photo/F. Augstein

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e o negociador-chefe da União Europeia (UE) para o Brexit, Michel Barnier, falaram nesta segunda-feira (03/02) sobre seus planos para as relações comerciais entre o bloco europeu e o Reino Unido, três dias após o país deixar oficialmente a UE. 

Com o Brexit, teve início um período de transição de 11 meses durante o qual futuro das relações bilaterais deve ser regulamentado. Em seus discursos, Johnson e Barnier deixaram claro que ambos os lados estão dispostos a ficar sem um acordo comercial caso não se chegue a um consenso em questões-chave.

Em Bruxelas, Barnier ofereceu ao Reino Unido a negociação de um pacto "altamente ambicioso", sem tarifas ou cotas para as mercadorias que entram no mercado único, desde que a concorrência seja "aberta e justa", que o Reino Unido se atenha aos padrões do bloco e que seja incluído um acordo de pesca.

"Este acordo deve prever o acesso recíproco contínuo aos mercados e às águas com quotas de mercado", disse Barnier.

O setor pesqueiro de oito países do bloco europeu depende altamente das águas britânicas e pode servir de moeda de troca para Londres nas negociações. Johnson já havia destacado que retomar o controle das águas é uma de suas prioridades.

Em discurso para empresários e embaixadores em Londres, o premiê britânico disse que seu país não deixou o bloco europeu para minar os padrões da UE e não realizará "nenhum tipo de dumping, seja comercial, social ou ambiental". 

Devido à proximidade física, a UE teme que o Reino Unido se torne um concorrente se não concordar em cumprir as suas normas ambientais, alimentares e trabalhistas.

Sobre a questão da pesca, Johnson disse que serão necessárias "negociações anuais" sobre cotas, pois a prioridade é garantir o acesso dos pescadores britânicos às águas destas ilhas.

O premiê prometeu que seu governo será um campeão global do livre-comércio num mundo em que "protecionistas estão conquistando terreno". Ao mesmo tempo, ele afirmou que o Reino Unido quer um acordo de livre-comércio, mas não a qualquer custo.

"Eu não vejo necessidade de nos vincularmos a um acordo com a UE", afirmou Johnson. "Nós vamos restaurar controles soberanos completos sobre nossas fronteiras, imigração, concorrência, regras de subsídios, proteção, proteção de dados." Ele pediu um acordo comercial semelhante ao CETA (entre Canadá e UE).

Ambos os lados têm até o final do período de transição para alinhar suas posições. Se não houver acordo até ao final de 2020, e o Reino Unido se recusar a
prolongar o período de negociação, o país pode enfrentar uma ruptura econômica abrupta com o bloco, com a imposição imediata de tarifas e outros obstáculos para
o comércio bilateral.

O mandato de negociação de Barnier será discutido e aprovado pelos 27 países-membros da UE no final deste mês, com negociações comerciais diretas com Londres previstas para começar no início de março.

FC/afp/ap/rtr/dpa

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