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Eurobonds

15 de agosto de 2011

Os chamados "eurobonds" poderiam ajudar países em crise, como a Grécia e a Itália, a obter empréstimos mais baratos e assim melhorar sua situação financeira. Mas o governo de Angela Merkel resiste à ideia.

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Eurobonds podem ser a 'última chance', segundo especialistasFoto: picture alliance / Bildagentur-online/Ohde

Enquanto os países da zona do euro se empenham para resolver a crise financeira do bloco, integrantes do governo alemão mantêm-se firme na decisão de resistir à pressão dos vizinhos para a adoção de títulos europeus da dívida pública – os chamados "eurobonds".

Em entrevista à revista Der Spiegel deste fim de semana, o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, deu claras declarações contrárias à adoção dos títulos comuns: "Não há coletivização de dívidas nem solidariedade ilimitada". Segundo ele, os eurobonds estão descartados, pelo menos enquanto os países europeus conduzirem políticas financeiras próprias.

Seguindo o mesmo raciocínio, o ministro alemão da Economia, Philipp Rösler, também se colocou contra os eurobonds em declarações ao jornal Handelsblatt. "Numa Europa onde cada país deve assumir responsabilidades, considero títulos comuns da dívida europeia um caminho equivocado", afirmou Rösler, presidente do FDP, partido liberal que compõe o governo da chanceler federal Angela Merkel.

No entanto, segundo o jornal Welt am Sonntag, o governo alemão não descarta mais categoricamente a chamada transferunion, conceito usado na política alemã para se referir à transferência de recursos do países ricos para os países pobres da União Europeia e da qual os eurobonds seriam um dos principais mecanismos.

Os próximos passos para tentar resolver a crise da dívida pública europeia deverão ser definidos durante encontro de Merkel com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, nesta terça-feira (16/08).

Taxa de juros única

Segundo a política adotada atualmente, cada integrante da zona do euro tem seus próprios títulos públicos. Países europeus com boa avaliação da dívida, como a Alemanha, pagam juros baixos para os empréstimos que contraem. Já os que possuem uma avaliação mais ruim – como a Espanha e a Itália – pagam taxas de juros mais elevadas.

Com uma eventual adoção de títulos comuns, a avaliação de crédito dos países da zona do euro também passaria a ser comum, ou seja, as taxas de juros seriam iguais para todos os Estados-membros, o que faria com que países em crise, como a Grécia, passassem a ter novamente acesso a dinheiro mais barato. Já países como a Alemanha teriam que pagar juros mais altos do que os atuais.

O presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, e o comissário europeu para Assuntos Econômicos, Olli Rehn, já se posicionaram favoráveis à adoção dos eurobonds.

No sábado passado, o ministro italiano da Economia e Finanças, Giulio Tremonti, voltou a defender a adoção dos eurobonds, que, segundo ele, seriam o melhor meio para superar a crise financeira da zona do euro, que corre o risco de se expandir para outros países.

Governo contrário

Para a Alemanha, a adoção de títulos comuns poderia significar um aumento da dívida soberana e levar a um maior encargo sobre os contribuintes. O analista Kai Castensen, do instituto Ifo, de Munique, calcula que a Alemanha teria que pagar 2,3 pontos percentuais a mais de juros. O valor significaria um custo extra anual de cerca de 47 bilhões de euros.

Para Sigmar Gabriel, presidente do SPD, partido opositor ao governo de Merkel, a adoção de títulos comuns da dívida, sob condições específicas, é uma questão que deve ser considerada. Os países que optarem por esse caminho devem se submeter a um rígido controle europeu, inclusive sobre questões orçamentárias, afirmou o político a um canal de televisão.

"Se a situação na França piorar, os eurobonds serão a última chance", afirmou Asoka Wörhmann, administrador-sênior da maior gestora de fundos de investimento da Alemanha, a DWS, pertencente ao grupo Deutsche Bank. Para ele, o mercado continuará testando as políticas financeiras dos governos europeus, e os eurobonds ajudariam a acalmar a situação.

Especialistas divergem sobre as consequências de títulos comuns europeus. Oponentes argumentam que, com eles, a União Europeia se tornaria de facto uma transferunion. Pelo bom andamento do bloco, países com boas avaliações de crédito precisariam pagar mais juros. Endividados, como a Grécia, pagariam menos.

MS/afpd/dpa/dapd
Revisão: Alexandre Schossler

Nicolas Sarkozy und Angela Merkel
Merkel e Sarkozy discutirão medidas para salvar o euroFoto: picture alliance/dpa
Wolfgang Schaeuble
Schäuble: 'Não há coletivização de dívidas nem solidariedade ilimitada'Foto: picture alliance/dpa