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UE procura resposta consensual à crise no Oriente Médio

(gh)13 de julho de 2006

Israel anuncia bloqueio completo ao Líbano, que pede cessar-fogo. Escalada do conflito desafia diplomacia européia. Mídia exige ação conjunta dos EUA e Europa para evitar uma nova guerra.

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Ofensiva militar israelense em território libanêsFoto: AP

A União Européia tenta encontrar uma resposta consensual à crise no Oriente Médio, agravada pelos ataques israelenses ao sul do Líbano, para libertar dois soldados seqüestrados. O conflito coloca os 25 ministros das Relações Exteriores do bloco diante de uma situação completamente nova.

"Isso é uma escalada do conflito que não podíamos imaginar há pouco tempo", informaram fontes diplomáticas nesta quinta-feira (13/07). A situação no Oriente Médio será o principal assunto em pauta na reunião do Conselho de Ministros da UE, na próxima segunda-feira em Bruxelas.

Vários países europeus pretendem condenar com veemência os ataques militares de Israel. De acordo com informações veiculadas em Bruxelas, esta linha é defendida pela Bélgica, Irlanda, Malta, Suécia, Espanha e Chipre. Outros países, dentre os quais a Alemanha, Reino Unido, França e República Tcheca, defendem uma posição mais moderada.

Isso não impediu o governo francês de, nesta quinta-feira, condenar os ataques aéreos israelenses ao Líbano como "atos desproporcionais de guerra". O ministro francês das Relações Exteriores, Philipe Doust-Blazy, disse à emissora de rádio Europe 1 que Paris apóia a proposta libanesa de levar o assunto imediatamente ao Conselho de Segurança da ONU.

"A violência pode desestabilizar toda a região", afirmou Blazy, reiterando o pedido de libertação dos soldados israelenses. Um pedido de "libertação incondicional" dos reféns foi feito também pelo porta-voz do Conselho Nacional de Segurança dos EUA, Frederick Joes, que culpou a Síria e o Irã pelo seqüestro.

O secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, pediu a libertação dos soldados, mas ao mesmo tempo condenou a ofensiva militar israelense no Líbano. Na quarta-feira, numa primeira reação à piora da situação na fronteira israelense-libanesa, a Finlândia havia pedido "moderação" aos dois lados em conflito. O país exerce a presidência semestral da UE,

Israel isola o Líbano

Os apelos internacionais parecem não impressionar o governo de Israel, que anunciou nesta quinta-feira um "bloqueio terrestre, marítimo e aéreo completo" ao Líbano, para resgatar os dois soldados seqüestrados. A marinha israelense teria invadido as águas do Líbano para isolar o país vizinho.

Na véspera, oito soldados israelenses haviam sido mortos e outros dois seqüestrados pelo Hisbolá (grupo terrorista libanês que recebe apoio sírio e iraniano), o que Israel interpretou como um ato de guerra. Em resposta, tropas israelenses invadiram e atacaram o sul do Líbano.

Desde o seqüestro, o exército israelense vem realizando uma onda de ataques aéreos, tendo atingido mais de 150 alvos no Líbano. Enquanto as milícias do Hisbolá ameaçam se vingar com ataques de mísseis à cidade portuária de Haifa, o governo libanês pediu um cessar-fogo. Israel havia retirado suas tropas do sul libanês em 2000, após 18 anos de ocupação.

Os ataques de Israel também deixaram ao menos 23 palestinos mortos na faixa de Gaza, em meio à escalada que se alastra pelo território.

Reação da mídia

A imprensa européia alertou para o perigo iminente de uma nova guerra no Oriente Médio e pediu uma ação conjunta dos Estados Unidos e da Europa para solucionar o conflito.

"Há muito tempo a guerra não esteve tão próxima", escreveu o jornal francês Libération. "Uma crise como esta exige um esforço americano e europeu no mais alto escalão", propôs o diário holandês De Volkskrant.

O conservador Die Welt avaliou que, apesar do rigor justificado com que Israel combate os extremistas, uma pergunta deve ser permitida: "O ataque é melhor do que a defesa, na situação em que Israel se encontra? Existe a ameaça de um conflito em duas frentes, que no Líbano pode se transformar rapidamente numa verdadeira guerra."

O diário alemão acrescenta: "O Hisbolá tem dois ministros no governo de um Estado soberano e 11 deputados num Parlamento eleito democraticamente. Com a invasão do sul do Líbano, enfrentam-se dois Estados com Forças Armadas regulares. E Beirute poderá continuar contando com a ajuda da Síria e do Irã, que não têm nada contra uma guerra que enfraqueça Israel."

O jornal espanhol ABC é da opinião de que "a determinação no combate a ações terroristas é compreensível, mas a resposta deve ocorrer dentro de determinados limites. Senão, os argumentos que a justificam perdem sua validade".