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União Europeia quer colocar fotos chocantes em maços de cigarro

19 de dezembro de 2012

Seguindo o exemplo de países como o Brasil, Comissão Europeia quer estampar nas carteiras de cigarro imagens dos malefícios provocados pelo fumo. Indústria alemã do tabaco cogita impedir alteração por meios legais.

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Foto: Evaristo Sa/AFP/Getty Images

"Imagine se todos os dias caísse um jumbo com 300 passageiros. As pessoas não iriam mais entrar num avião", compara Martina Pötschke-Langer, do Centro Alemão de Pesquisa do Câncer. Segundo a instituição, 110 mil pessoas morrem anualmente na Alemanha em consequência dos efeitos do consumo de tabaco. Mas esses dados não amedrontam os fumantes. "O potencial de dependência é simplesmente muito alto", diz Pötschke-Langer.

Um quarto dos adultos na Alemanha fuma regularmente. Em outros países, as taxas são, por vezes, muito maiores. Na Coreia do Sul, na Rússia e em Bangladesh, mais de metade da população fuma.

Tema controverso

Há anos que o cigarro é um tema controverso na Alemanha. A proibição de fumar em bares e prédios públicos ainda é motivo de discussões apaixonadas e não é padronizada para todos os estados. Nos últimos dias, a mídia alemã começou a especular sobre a nova diretriz sobre o assunto que a Comissão Europeia apresentou nesta quarta-feira (19/12), em Bruxelas, e que vai valer para todos os países da União Europeia (UE), se aprovada.

Dr. med. Martina Pötschke-Langer
Martina Pötschke-Langer apoia novas diretrizes antitabacoFoto: DKFZ

A grande novidade é que as embalagens de cigarros deverão estampar em breve fotos chocantes, apresentando de forma drástica os males provocados pelo cigarro. As doenças mais comuns de fumantes são câncer de pulmão, males crônicos de pulmão e enfermidades cardiovasculares, que podem levar a um ataque cardíaco ou a um acidente vascular cerebral.

No Brasil, na Austrália, no Canadá e também em alguns países da UE, ilustrações desse tipo já são obrigatórias. Já na Alemanha, embalagens de cigarros são impressas apenas com textos de alerta dizendo, por exemplo, "fumar mata". Ainda segundo o projeto, 75% do espaço das embalagens deve ser reservado para os avisos contendo texto e imagem. E cigarros slim e mentolados seriam proibidos.

"Estas são mudanças enormes", critica Dirk Pangritz, da ODP, associação alemã que representa os interesses da indústria alemã do tabaco. "Já não restaria muito espaço para a própria marca", reclama Pangritz, em entrevista à Deutsche Welle. Ele considera os planos "insustentáveis". Caso as diretrizes sejam mesmo aprovadas pelos Estados-membros e pelo Parlamento Europeu, a gigante de cigarros alemã Reemtsma anunciou que encaminhará medidas legais contra a decisão.

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No Brasil, Canadá e Austrália (foto), imagens chocantes em maços de cigarro já são uma realidadeFoto: AFP/Getty Images

"A ODP está consciente, apesar de suas críticas às intenções da UE, da sua responsabilidade em relação ao consumidor", garante Pangritz. Sua associação apoia, segundo ele, por exemplo, medidas para impedir que menores de 18 anos comprem cigarros.

Imagens que impressionam

Segundo Pötschke-Langer, há de fato um declínio do tabagismo entre os jovens alemães. Mas é exatamente esse grupo de consumidores que é alvo principal da indústria do tabaco. Pesquisas na Austrália e no Canadá mostraram que nove em cada dez jovens querem avisos claros nas embalagens. "Na Alemanha, também há uma maioria a favor", diz a cientista.

As fotos fazem efeito, afirma Pötschke-Langer. "Sabemos, através de estudos, que esses avisos baseados em imagens aumentam a probabilidade de o fumante parar de fumar." Ela rebate o argumento do lobby do cigarro de que os consumidores já são muito bem informados sobre os perigos do tabagismo. "Especialmente as camadas de baixo nível educacional muitas vezes ignoram os avisos."

Além disso, ela argumenta também que aqueles que fumam há muito tempo já se acostumaram com os textos nas embalagens. Por isso, a especialista acha importante que a estratégia seja modificada de tempos em tempos. "Os avisos são um meio de comunicação eficaz e de baixo custo, porque atingem diretamente cada um dos fumantes", argumenta Pötschke-Langer.

Comparação sem fundamento

Mas o tabaco não é o único produto vendido corriqueiramente que pode provocar consequências adversas para a saúde. O consumo elevado de açúcar também é prejudicial. Por isso, Pangritz argumenta que sua indústria está no mesmo barco que fabricantes de outros produtos. "Imagine se refrigerantes só pudessem ser vendidos em um tipo de garrafa. Isso significaria uma expropriação das marcas."

Dr. Dirk Pangritz Geschäftsführer DZV Deutscher Zigarettenverband "Hiermit räume ich der Deutschen Welle das Recht ein, das/die von mir bereitgestellte/n Bild/er zeitlich, räumlich und inhaltlich unbeschränkt zu nutzen. Ich versichere, dass ich das/die Bild/er selbst gemacht habe und dass ich die hier übertragenen Rechte nicht bereits einem Dritten zur exklusiven Nutzung eingeräumt habe. Sofern ich das hiermit zugesandte Bild nicht selbst gemacht, sondern von einem Dritten, zugeliefert bekommen habe, versichere ich, dass mir dieser Dritte die zeitlich, räumlich und inhaltlich unbeschränkten Nutzung auf der Internet Plattform www.dw.de übertragen hat und mir schriftlich versichert hat, dass er das/die Bild/er selbst gemacht und die Rechte hieran nicht bereits Dritten zur exklusiven Nutzung eingeräumt hat."
Para Dirk Pangritz, propostas prejudicam marcas de cigarroFoto: Dirk Pangritz

Mas Pötschke-Langer diz que tal comparação não tem fundamento. "O tabaco tem um diferencial: metade dos fumantes morre em consequência do cigarro. Isso não ocorre com nenhum outro produto", diz, afirmando que o açúcar, por exemplo, só é prejudicial quando consumido em excesso, enquanto somente um cigarro contém uma "carga enorme de veneno" suficiente para causar mudanças no organismo.

Autora: Julia Mahnke (md)
Revisão: Alexandre Schossler