UE revela nova estratégia para enfrentar crise migratória
17 de setembro de 2023A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, visitou neste domingo (17/09) ilha italiana de Lampedusa, onde apresentou a nova estratégia do bloco europeu para enfrentar a crise migratória e prometeu aumentar a repressão ao tráfico de pessoas através do Mar Mediterrâneo.
A lado da primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, a chefe do Executivo da União Europeia (UE) conversou com alguns refugiados no centro de acolhimento da ilha. O local está sobrecarregado devido ao enorme afluxo de migrantes registrado nas últimas semanas.
Somente na última quarta-feira, as autoridades registraram a chegada de mais de 5,1 mil migrantes em Lampedusa, o que levou a administração local a declarar estado de emergência. Muitos dos que chegaram nos últimos dias foram transportados para acomodações na Sicília ou na Itália continental.
Em razão da proximidade com a cidade costeira de Sfax, na Tunísia, Lampedusa há anos se tornou um dos principais destinos de milhares de migrantes que arriscam suas vidas na perigosa travessia do Mediterrâneo, na tentativa de chegar à Europa.
O número de refugiados que conseguem chegar em solo europeu através do Mediterrâneo dobrou no ano passado e ameaça superar o recorde total registrado em 2015, no auge da crime migratória para a Europa.
"Desafio europeu, resposta europeia"
Von der Leyen apresentou a nova estratégia da UE para enfrentar o problema e prometeu acelerar a deportação dos migrantes ilegais, assim como reprimir o "negócio brutal" do tráfico de pessoas. "Nós decidiremos quem poderá vir à União Europeia e sob que circunstâncias, não os traficantes", afirmou.
"Vim a Lampedusa para dizer que a imigração ilegal é um desafio europeu e requer uma resposta europeia. Estamos juntos nessa situação", sublinhou. A estratégia de Bruxelas inclui a atualização da legislação da UE contra o tráfico de pessoas e a criação de novos corredores humanitários legais e seguros, além de acelerar o processamento dos pedidos de asilo na Itália.
A UE enviou técnicos de outros países para ajudarem a administrar e registrar o grande número de migrantes no território italiano.
O governo ultradireitista da Itália ameaçou adotar medidas rígidas e chegou a pedir um bloqueio naval do norte da África para evitar a partida das embarcações dos traficantes rumo à Europa.
Von der Leyen, porém, defendeu como alternativa "explorar as missões navais existentes no Mediterrâneo, ou trabalhar em novas missões". O plano inclui também acelerar o envio de fundos para a Tunísia, como parte de um acordo fechado entre o país norte-africano e a UE, para ajudar o governo local a impedir a partida das embarcações que transportam migrantes.
"Futuro da Europa em jogo", diz Meloni
Ela prometeu amentar a vigilância aérea no Mediterrâneo através da agência europeia de fronteiras Frontex e coordenar com os países de origem dos migrantes protocolos para o repatriamento das pessoas que tiverem asilo negado na UE em condições seguras.
A presidente da Comissão Europeia convocou as demais nações do bloco a aceitarem as transferências voluntárias de migrantes, tema que vem gerando atritos entre os Estados-membros e que enfrenta forte resistência de governos ultraconservadores, como os da Hungria e Polônia.
Meloni, cujo governo é criticado por organizações de direitos humanos pela forma como lida com a imigração, disse que "é o futuro que Europa quer se dar que está em jogo aqui, porque o futuro da Europa depende da capacidade europeia de enfrentar os grandes desafios". "É uma fronteira da Itália, mas também da Europa."
rc (AP, DPA, Reuters)