UE volta a exportar armas à Líbia
12 de outubro de 2004A indústria bélica européia poderá voltar a exportar armas para a Líbia. A União Européia decidiu suspender o embargo de armas que vigorou contra o país africano desde 1986. O ministro alemão do Exterior, Joschka Fischer, saudou a normalização das relações com a Líbia, após "mudanças dramáticas" na política de Trípoli, ressaltando no entanto que as diretrizes alemãs de controle de exportação de armas continuam sendo determinantes.
Concessão de Kadafi
— A mudança de postura do chefe de Estado líbio, Muammar Kadafi, no poder desde 1969, convenceu os europeus. Há um ano, ele se distanciou do terrorismo e se comprometeu oficialmente a não tentar mais produzir armas de extermínio em massa. A Itália, como antiga potência colonizadora da Líbia, foi o país que mais pressionou o resto da comunidade a tomar esta decisão. O mérito da normalização das relações entre Trípoli e Bruxelas se deve em grande parte ao italiano Romano Prodi, presidente da Comissão Européia.Vantagem européia
— Os países europeus têm grande interesse econômico na república rica em petróleo e gás mineral. A Líbia exporta 90% do petróleo para a Itália, a Alemanha e a França. Ao lado da Grã-Bretanha, é destes três países que a Líbia importa seus bens de consumo, em um volume de 11,6 bilhões de dólares por ano.Defesa de fronteiras — Na última quinta-feira (7/10), o premiê italiano, Silvio Berlusconi, inaugurou junto com Muammar Kadafi um gasoduto de 500 quilômetros da Líbia até a Itália. Além disso, os dois países planejam a criação de uma acampamento em território líbio, a fim de impedir que fugitivos da África cheguem ilegalmente à Europa através das fronteiras italianas.
Indenização de atentados
— Muammar Kadafi reconquistou a confiança dos europeus, após ter assumido a responsabilidade pelos atentados terroristas contra um avião da extinta PanAm e contra a discoteca berlinense La Belle nos anos 80. Ele se comprometeu a pagar indenização para as vítimas e entregar os responsáveis à Justiça internacional. A primeira parcela de 35 milhões de dólares às vítimas do atentado de Berlim foi paga há poucos dias.Com Kadafi no deserto
— O chanceler federal Gerhard Schröder visitará Muammar Kadafi em seu acampamento no Saara na próxima sexta-feira (15). Ele será acompanhado por uma delegação de economistas e empresários interessados em investir na indústria petrolífera da Líbia. Os Estados Unidos e a Grã-Bretanha também esperam fazer negócios decisivos com Kadafi.China na lista de espera — Ao contrário da Líbia, a China terá que esperar pela suspensão do embargo de armas que vigora desde a repressão sangrenta do movimento democrático em Pequim, em 1989. O chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, e o presidente francês, Jacques Chirac, voltaram a exigir o fim do embargo contra a China.
Paris e Berlim pró-China
— No encerramento do encontro de cúpula asiático-europeu em Hanói, no sábado (9/10), Schröder reiterou sua posição, lembrando que ainda é grande a divergência dentro da União Européia. Após visita a Pequim, no mesmo dia, Chirac declarou que espera para os próximos meses um consenso europeu pela suspensão do embargo. Durante sua visita à China, empresários franceses e chineses assinaram contratos no valor de mais de um bilhão de dólares, sobretudo no setor de transporte ferroviário e aéreo.Mianmar sob bloqueio
— Os países da União Européia decidiram por unanimidade tornar mais rigorosas as sanções contra a junta militar em Mianmar. Isso inclui a ampliação da proibição de visto de viagem para membros do regime e seus familiares, além da proibição de investimentos ou empréstimos para empresas estatais deste país asiático. A UE exige a suspensão da prisão domiciliar imposta à líder da oposição e prêmio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, impedida de assumir o poder pelos militares, após a vitória eleitoral de 1990.Perigo do urânio no Irã
— Quanto ao Irã, a União Européia pretende oferecer vantagens e ao mesmo tempo ameaçar o governo em Teerã, a fim de dissuadi-lo de seus planos de enriquecer urânio. O coordenador da política externa da UE, Javier Solana, foi encarregado de elaborar uma proposta neste sentido. Sob a alegação de que o enriquecimento de urânio no país serviria apenas a fins pacíficos, o Irã anunciou oficialmente em setembro que estaria se preparando para tal, apesar de múltiplas advertências internacionais.