Um ano sem Marielle
Investigações sobre o assassinato da vereadora e de seu motorista Anderson Gomes ainda deixam muitas perguntas sem respostas.
Pressão por respostas
Um ano após o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista Anderson Gomes, muitas perguntas permanecem sem resposta, apesar da repercussão nacional e internacional e da cobrança das multidões que foram às ruas em protesto.
Avanços nas investigações
Na semana em que o crime completa um ano, dois ex-PMs foram presos e denunciados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. As investigações concluíram que o policial militar reformado Ronnie Lessa foi o autor dos disparos e o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz, que foi expulso da corporação em 2015, foi o motorista do veículo usado para a execução.
Assassinato político
As investigações do MP do Rio revelaram que o crime foi meticulosamente planejado ao longo de três meses. Nesse período, Lessa fez buscas na internet sobre locais que a vereadora frequentava. A promotoria assegurou que a motivação do assassinato decorre da atuação política de Marielle.
Quem mandou matar?
Os investigadores ainda não revelaram quem foi o mandante da execução. Após um ano de investigação, a polícia e o Ministério Público do Rio decidiram dividir o inquérito em duas partes: uma sobre os executores do crime, já encerrada; outra sobre os mandantes.
Polícia Federal acompanha o caso
Desde o final do ano passado, após longo debate sobre a federalização, a Polícia Federal (PF) ganhou acesso às investigações. O então ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, chegou a colocar a PF à disposição, mas a Polícia Civil do Rio recusou a oferta. A PF apurou, a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, supostas tentativas internas de frear a conclusão do inquérito.
Mobilização contínua
A morte da vereadora provocou reações imediatas de políticos, ativistas e ONGs no Brasil e no exterior, além de ter levado seguidas vezes milhares às ruas. Ela foi homenageada na Câmara dos Deputados e por deputados da esquerda do Parlamento Europeu. Desde então, as manifestações em memória da vereadora não param. Neste ano, a passeata do Dia Internacional da Mulher em Berlim lembrou Marielle.
Polarização
Na esteira da polarização política do Brasil, o crime também desencadeou reações negativas, já que a vereadora era de esquerda, defensora dos direitos humanos e crítica da violência policial. Fake news chegaram a associar o nome de Marielle a traficantes e facções criminosas. Os rumores, já desmentidos, foram compartilhados até mesmo por figuras públicas.
Símbolo
Um símbolo da polarização foi uma placa que imita sinalizações de rua com o nome de Marielle, afixada em uma praça em frente à Câmara Municipal do Rio. A placa foi quebrada pelos então candidatos do PSL Rodrigo Amorim e Daniel Silveira, atuais deputado estadual e federal, respectivamente. O hoje governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), discursou no ato em que a placa foi partida.
Homenagens no Carnaval
As homenagens mais recentes a Marielle aconteceram nos desfiles e blocos de rua do Carnaval de 2019. Familiares participaram do desfile da Unidos de Vila Isabel, enquanto a viúva da vereadora, Monica Benício, e os antigos colegas de trabalho Marcelo Freixo e Tarcísio Motta desfilaram pela Mangueira, campeã do Carnaval do Rio. A Vai-Vai, de São Paulo, também fez tributo à vereadora.
Quem era Marielle Franco
Marielle foi a quinta vereadora mais votada do Rio, tinha 38 anos e era defensora dos direitos das mulheres, especialmente das negras, e da inclusão social. Foi presidente da Comissão da Mulher da Câmara Municipal e coordenou a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj, com Marcelo Freixo (PSOL). Marielle era socióloga e mestre em Administração Pública.