Uma porta de intercâmbio acadêmico com a Europa
14 de outubro de 2004Em Harvard, 33% dos estudantes vêm do exterior; em Heidelberg, apenas 20%. Apesar da tradição, as universidades européias não são consideradas os melhores centros de formação acadêmica.
Mas a União Européia quer mudar isso a partir de agora. Com o novo projeto universitário Erasmus Mundus, a UE quer ampliar o alcance do programa Erasmus, que promove com êxito o intercâmbio acadêmico dentro da Europa desde 1987. O Erasmus Mundus será destinado a estudantes não pertencentes à União Européia. Os primeiros bolsistas beneficiados pelo programa chegaram no semestre corrente a suas faculdades de escolha.
Interdisciplinar e voltado para a prática
A estudante canadense de Medicina Christine Tretter, por exemplo, interessada em trabalhar na organização Médicos Sem Fronteiras após a conclusão de sua faculdade, resolveu fazer mestrado em Ajuda Humanitária Internacional. Duas universidades a selecionaram para a etapa final: a Columbia University, de Nova York, e a Universidade de Bochum, na Alemanha.
Primeiro ela resolveu conferir de perto o que a universidade alemã tinha a oferecer. Após uma visita informal ao campus de Bochum, ela optou pelo mestrado alemão. O que mais pesou na escolha foi a orientação prática do curso, onde se aprende concretamente, por exemplo, como organizar um programa de ajuda em caso de terremoto ou enchente. O currículo é interdisciplinar e inclui matérias bastante diversificadas, como Direito Internacional, Etnologia e Gerenciamento. O curso é ministrado em inglês.
Uma alternativa aos Estados Unidos
Para elaborar o Erasmus Mundus, a Comissão Européia analisou quase 100 programas de mestrado em toda a Europa, todos direcionados a estudantes que já concluíram a graduação. Na Alemanha, onde o mestrado (Magister) representa a conclusão da graduação, são relativamente novos os cursos de Master, que correspondem a uma etapa posterior ao bacharelado. De todos os cursos observados de perto, 19 foram considerados aptos a participar do programa Erasmus Mundus. Além do curso de Ajuda Humanitária Internacional, por exemplo, a Universidade de Bochum oferece Master em Direito Europeu, Engenharia Florestal e Arte e Mídia.
A meta do Erasmus Mundus é tornar as universidades européias atraentes para estudantes de todo o mundo. Sobretudo para estudantes com desempenho acadêmico acima da média, que geralmente acabam indo para as universidades norte-americanas. Para isso, a União Européia não poupará incentivo. Enquanto um bolsista do Erasmus europeu recebe uma ajuda financeira reduzida, estudantes como Christine Tretter, participantes do Erasmus Mundus, ganham 1600 euros por mês.
Diploma reconhecido em toda a Europa
Mas isso não é tudo. Antes de ir estudar na Europa, Debbie Lai Ling, de Cingapura, por exemplo, já havia cursado faculdades norte-americanas. O que a fascina nas universidades européias é a possibilidade de estar em contato com pessoas de diversas nacionalidades e idiomas, ao contrário do que acontece nos Estados Unidos, onde ela considera o ambiente bem mais homogêneo.
A diversidade cultural desempenha, de fato, um papel fundamental no programa Erasmus Mundus. Cada curso é oferecido por pelo menos três universidades, de modo que o bolsista possa trocar de universidade pelo menos uma vez. Debbie Lai Ling, por exemplo, cursará um semestre em Uppsala, na Suécia, e Christine Tretter, em Marselha, na França. No final, os estudantes recebem o certificado de European Master, reconhecido em toda a Europa.
Mas o diploma não é o mais importante para Christine Tretter. O que realmente a interessa é a possibilidade de fazer contatos profissionais que possam vir a ajudá-la no futuro. "Em breve, talvez eu esteja trabalhando em algum acampamento nos Bálcãs. Sei a quais organizações e fundos de ajuda econômica posso recorrer nos Estados Unidos. Mas se eu conhecer o sistema americano e o europeu, tenho o dobro de chances de conseguir auxílio para as pessoas que estarei ajudando." A propósito, faz parte dos planos da Universidade de Bochum buscar formas de cooperação com a Columbia University, de Nova York.