Unesco alerta para situação escolar de crianças em áreas de conflito
14 de julho de 2013Centenas de famílias estão cercadas por tropas do governo em combates na capital síria, Damasco, informaram organizações não governamentais neste domingo (14/07). A fuga dos moradores é dificultada pelos atiradores de elite do Exército, que teriam cercado o bairro de Kabun.
Enquanto isso, dezenas de pessoas que estavam detidas por tropas do governo nas proximidades de uma mesquita puderam escapar. Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, sediado em Londres, elas se encontravam numa prisão subterrânea improvisada do Exército sírio, próximo à mesquita, e puderam fugir quando tropas do governo tiveram de recuar, frente aos combates ininterruptos.
De acordo com os rebeldes sírios, cerca de 200 pessoas estavam presas no calabouço. A oposição havia apelado "às Nações Unidas, ao Conselho de Segurança da ONU, a toda a comunidade internacional e a organizações de direitos humanos" que instassem o governo da Síria a liberar os detidos. Ainda não está claro se os presos eram civis ou combatentes rebeldes.
Já há meses, o Exército sírio vem tentando recuperar o controle dos subúrbios de Damasco. De acordo com o Observatório, nove pessoas morreram na última sexta-feira, vítimas de um "bombardeio maciço" das tropas do governo. Os rebeldes, por sua vez, dispararam projéteis em direção ao centro da capital Militantes islâmicos executam repetidamente ataques com carros-bomba na cidade.
Luta para ir à escola
Segundo as Nações Unidas, mais de 100 mil pessoas morreram desde o início da revolta contra o presidente Bashar al-Assad, em março de 2011, e entre os que mais sofrem, estão as crianças.
Na última sexta-feira, a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) informou através do programa Educação para Todos (EPT) que metade das 57 milhões de crianças não escolarizadas do mundo vivem em países afetados por conflitos.
O informe do EPT intitulado As crianças continuam lutando para ir à escola apela para que se "aja urgentemente", afim de que os 28,5 milhões de crianças em idade escolar, mas sem acesso à educação por viver em zonas de conflito, possam ir à escola. Segundo o documento, a proporção da ajuda humanitária destinada à educação diminuiu de 2% em 2009 para 1,4%, em 2011.
Vida desfavorecida
A Unesco reconheceu que, em escala mundial, o número de crianças não escolarizadas diminuiu, tendo passado de 60 milhões, em 2008, para 57 milhões em 2011. Mas destacou que "os benefícios desse lento desenvolvimento não chegaram às crianças de países afetados por conflitos".
Segundo a Unesco, nessas regiões vivem agora "50% das crianças privadas de educação", enquanto que em 2008, essa cifra não superava 42%. A organização da ONU destacou que 44% dessas 28,5 milhões de crianças vivem na África Subsaariana, 19%, no sul e oeste da Ásia, e 14%, em países árabes.
A Unesco sublinhou que "em nenhum outro lugar esse problema, é mais dolorosamente visível do que na Síria, neste momento". A organização informou que meninas e meninos sírios enfrentam "uma interrupção de seu processo de aprendizagem numa etapa fundamental" e, consequentemente, o risco de uma vida mais desfavorecida.
No final de junho, o Observatório Sírio dos Direitos Humanos informou que, entre as mais de 100 mil pessoas mortas desde o início do conflito, estariam mais de 50 mil civis, dos quais mais de 5 mil eram crianças.
CA/afp/efe/dpa