Unesco declara Hebron Patrimônio Mundial
7 de julho de 2017A Unesco incluiu a área antiga da cidade de Hebron, na Cisjordânia ocupada, na lista de Patrimônios Mundiais. O comitê responsável classificou Hebron como um "local de valor universal excepcional"e território palestino. Além disso, a área foi inscrita na relação de lugares em perigo.
A decisão – saudada por palestinos, mas duramente criticada por Israel e EUA – foi adotada após acalorado debate na cidade polonesa de Cracóvia, onde a Comissão de Patrimônio Mundial da Unesco realiza sua 40ª reunião.
A inclusão de Hebron na lista teve 12 votos favoráveis, seis abstenções e três votos contra. Para ser incluído na lista, um local precisa ter votos favoráveis de pelo menos dez membros da Comissão. A classificação de Patrimônio Mundial é atribuída a locais considerados de importância única ao mundo e à humanidade e determina o estabelecimento de medidas que garantem sua preservação.
Na área antiga de Hebron, se encontra o Túmulo dos Patriarcas. Segundo a tradição judaica, neste túmulo estariam enterrados Abraão – considerado antecessor comum das principais religiões monoteístas: judaísmo, cristianismo e islamismo – ao lado de sua esposa Sara. Além disso, também estariam enterrados outros casais bíblicos importantes: Adão e Eva, Isaac e Rebeca e Jacó e Lea.
Durante os tempos do rei Herodes, foi construído um monumento quadrangular ao redor do túmulo e posteriormente os muçulmanos edificaram o que é conhecida como a Mesquita de Ibrahim, o nome árabe para Abraão.
Netanyahu: "Decisão delirante"
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, criticou a votação da Unesco e anunciou um corte de 1 milhão de dólares em financiamento para a ONU.
"É outra decisão delirante da Unesco", disse. "Desta vez, eles determinaram que o Túmulo dos Patriarcas é um local palestino, o que significa que não é judeu, e que está em perigo."
"Que não é judeu? Quem está enterrado ali? Abraão, Isaac, Jacó. Sara, Rebeca e Lea. Nossos patriarcas e matriarcas. E que o lugar está em perigo? Só onde Israel governa, como em Hebron, há liberdade religiosa garantida para todos", afirmou Netanyahu.
Em um ano, Tel Aviv reduziu pela quarta vez seu financiamento às Nações Unidas, diminuindo sua contribuição ao organismo internacional de 11 milhões para 2,7 milhões de dólares.
A embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, afirmou que a decisão da Unesco foi uma "afronta à história" e que "desacredita ainda mais uma agência já altamente questionável da ONU". "O voto de hoje não faz nenhum bem", resumiu, num comunicado.
Washington deixou de financiar o organismo internacional em 2011, depois que a ONU admitiu os palestinos como Estado-membro. Os EUA, no entanto, continuam sendo membro do conselho executivo de 58 membros da Unesco.
Haley disse que, depois da decisão de listar Hebron como Patrimônio Mundial, "os Estados Unidos estão avaliando o nível adequado de seu contínuo compromisso na Unesco".
"Hebron pertence ao povo palestino"
Por outro lado, a Autoridade Palestina, que propôs a classificação de Hebron como Patrimônio Mundial, saudou a decisão da Unesco como "uma vitória da batalha diplomática travada em todas as frentes, face às pressões israelenses e americanas".
O ministro do Turismo da Autoridade Palestina, Rula Maayah, afirmou que a decisão é "histórica porque sublinha que Hebron" e a sua mesquita "pertencem historicamente ao povo palestino".
PV/lusa/efe/afp/ap/dpa