Unesco diz que restauração do Museu Nacional levará 10 anos
19 de setembro de 2018A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) estima que a restauração do Museu Nacional do Rio de Janeiro, que perdeu 90% de seu acervo de 20 milhões de peças depois de ser consumido pelas chamas, levará cerca de dez anos.
"É um trabalho de muitos anos. Atualmente, não há uma solução mágica para reconstruir o museu em poucos meses. Temos um longo trabalho de identificação dos escombros, muitos dos quais são fragmentos de artigos do museu", afirmou a representante da Unesco no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noletov, numa coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (18/09).
Segundo a representante, este será um trabalho deve ser realizado em várias etapas e levar em conta também "a reconstrução do próprio edifício histórico". Noletov disse que o museu poderá abrir as suas portas ao público gradualmente no decorrer dos avanços da restauração.
Noletov contou que o trabalho de recuperação, no momento, recebe recursos do Fundo de Emergência da Unesco criado em 2015, do Ministério da Educação, que disponibilizou 10 milhões de reais para os esforços iniciais de sustentação do prédio, e doações de outros países. A Alemanha já prometeu doar 1 milhão de euros para a reconstrução do museu.
Além de Noletov, membros da missão de emergência da Unesco, liderada pela italiana Cristina Menegazzi, também participaram da coletiva.
Menegazzi afirmou que parte do acervo pode ser recuperado com doações de outros museus e o uso de tecnologias avançadas, como impressões em 3D. "A maioria da coleção está inventariada o que é um aspecto muito importante para saber o que realmente se perdeu", acrescentou.
Dois especialistas de Colônia, na Alemanha, e um consultor do Centro Internacional de Estudos para a Conservação e Restauro de Bens Culturais fazem parte da missão da Unesco, que está no Brasil desde 13 de setembro e fica no país por mais cinco dias.
O grupo fez várias visitas técnicas no local e estabeleceu que as ações emergenciais devem se concentrar em garantir a estabilidade estrutural do prédio e recuperar objetos do acervo e elementos arquitetônicos que estão sob os escombros.
"É necessário criar rotas de acesso às diferentes salas porque as coleções estavam distribuídas em três pisos para iniciar a operação de resgate. No momento, há uma rota de acesso", disse José Luiz Pedersoli Junior, do Centro Internacional de Estudos para a Conservação e Restauro de Bens Culturais.
A missão visitará ainda outro seis edifícios que preservam a memória histórica do país, como o Arquivo Nacional e a Biblioteca Nacional.
O Museu Nacional do Rio de Janeiro, o mais antigo e importante do país, perdeu praticamente todo o seu património histórico, científico e cultural depois de ter sido consumido pelas chamas há pouco mais de duas semanas.
Fundado pelo rei Dom João 6º e inaugurado em 6 de junho de 1818, o edifício histórico foi o local escolhido pela princesa Leopoldina, esposa de Dom Pedro 1º, para assinar a declaração de independência do Brasil, em 1822.
Entre as peças do acervo estavam o mais antigo fóssil humano encontrado no país, batizado de Luzia, com cerca de 11 mil anos, documentos históricos, artefatos pré-históricos latino-americanos e objetos arqueológicos do Egito.
CN/lusa/efe/abr
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