Sinal a Raúl Castro
20 de junho de 2008A União Européia chegou a um consenso sobre o fim das sanções decretadas contra Cuba em 2003 e parcialmente suspensas em 2005. A decisão ainda deverá ser ratificada pelo Conselho de Ministros da UE, conforme se anunciou nesta sexta-feira (20/06) em Bruxelas.
Um sinal para Havana
A comissária européia para assuntos de política externa, Benita Ferrero-Waldner, definiu a decisão como um sinal claro da comunidade ao governo de Raúl Castro. Trata-se de uma manifestação de apoio à democratização da ilha. A medida européia não tem apenas implicações econômicas, mas também abre caminho para que se retomem os contatos políticos entre as duas partes.
Ferrero-Waldner acha que as recentes mostras de abertura por parte do governo de Raúl Castro devem ser levadas em consideração e recompensadas. Ao mesmo tempo, a Europa insistirá na libertação de todos os prisioneiros políticos cubanos.
Para chegar a um consenso sobre a suspensão das sanções contra Cuba, a UE teve que vencer algumas resistências internas. A proposta da República Tcheca e da Suécia era esperar que o governo cubano dê passos mais firmes rumo à democratização do país. A Espanha, por sua vez, defendia a normalização imediata do diálogo bilateral.
Sanções políticas, não econômicas
A União Européia havia imposto sanções a Cuba logo após a onda de detenções de dissidentes políticos em 2003. Parte delas foi suspensa dois anos depois, assim que as autoridades cubanas libertaram alguns detentos.
As sanções européias não eram de ordem econômica, mas se restringiam ao congelamento do diálogo político de alto escalão entre ambas as partes. A decisão de suspender por completo as sanções a Cuba será reavaliada dentro de um ano. Caso Cuba apresente sinais de maior abertura, o diálogo político será definitivamente normalizado.
Dissidentes apelam à Europa
O anúncio feito em Bruxelas já provocou reações políticas em Cuba. O dissidente social-democrata Vladimiro Roca declarou que a medida "demonstra mais uma vez que, com honrosas exceções, a União Européia continua praticando uma política de hipocrisia em relação a Cuba, determinada por interesses econômicos e não com a meta de que a ilha ingresse no conjunto de países democráticos".
O economista Óscar Espinosa, um dos dissidentes detidos em 2003, afirmou que "os setores mais rígidos do governo podem interpretar a decisão européia como a comprovação de que vale a pena manter um rumo inflexível e intransigente".