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União Européia quer reduzir consumo de álcool

Bernd Riegert (rr)25 de outubro de 2006

O álcool é socialmente aceito na Europa, mas a UE encabeça a lista mundial de consumo per capita e os prejuízos econômicos e à saúde já são comparáveis aos do tabaco. Agora, a UE avalia medidas para reduzir o consumo.

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Consumo de álcool pertence a uma longa tradição gastronômicaFoto: dpa

Não importa se cerveja, vinho ou aguardente: bebidas alcoólicas são socialmente aceitas na Europa e vinculadas a uma longa tradição gastronômica. Poucos europeus são, por princípio, contra o álcool, desde que ele seja consumido com moderação.

Mas a Comissão Européia adverte que os prejuízos econômicos e os danos à saúde causados a cada ano pelo álcool já são comparáveis aos do tabaco. Atualmente sob a presidência rotativa da Finlândia, a União Européia (UE) debate agora a necessidade de controlar seu consumo abusivo. No entanto, um conjunto de medidas apresentado pelo comissário Markos Kyprianou foi recebido com duras críticas.

Cognac-Herstellung in Frankreich
Destilaria de conhaque na FrançaFoto: dpa

Para a social-democrata Dagmar Ruth-Behrendt, as propostas são uma "bolha de alto teor [alcoólico]", rasas e pouco esclarecedoras. Deputados alemães da bancada conservadora do Parlamento europeu alertam para os riscos de se controlar desmesuradamente consumidores de vinho e cerveja, proscrever bebidas tradicionais e criar apenas mais burocracia.

Forte lobby da indústria

Devido a protestos da indústria de bebidas, a Comissão Européia já havia cancelado a prevista proibição para propagandas de bebidas alcoólicas. Agora, é avaliada a possibilidade de se tornar obrigatória a inclusão de um selo de advertência em garrafas, semelhante ao hoje existente em maços de cigarro. "Nossa estratégia não é banir o álcool, apenas seu consumo exagerado", defende-se Kyprianou.

Segundo estimativas da Comissão Européia, até 195 mil pessoas morrem a cada ano vítimas do consumo de álcool. Com 11 milhões de litros, ou 1.400 copos de cerveja por ano, o continente lidera a lista mundial de consumo per capita. Estima-se que haja cerca de 23 milhões de dependentes de álcool na UE e a idade com que se começa a beber não pára de cair, em alguns casos chegando aos 12 anos.

Eine Frau nimmt am Montag, 24. November 2003, eine Flasche Limonadenmixgetränk aus dem Kühlregal eines Getränkehandels in Düsseldorf Alcopops Mixgetränk Getränkeindustrie Alkohol
'Alcopops' seduzem com gosto doceFoto: AP

Em vista disso, Kyprianou almeja proibir a venda de álcool para menores de 18 anos em todo o bloco. Atualmente, muitos países liberam o consumo a partir dos 16 anos e o controle costuma ser insuficiente. "Tais leis já vigoram em muitos países sem que sejam efetivamente postas em prática. Hoje, é mais importante fazer respeitar as leis vigentes do que fazer novas mudanças na lei", explica.

Autoridade insuficiente

A Comissão Européia exige dos países-membros uma melhor coordenação política e a criação de programas de esclarecimento. No entanto, a grande maioria deles rejeita a aplicação de critérios mais rígidos para o fornecimento de licenças para a venda de bebidas alcoólicas ou até que se crie um monopólio do Estado, como é o caso na Suécia. Eles alegam que a UE não tem autoridade para impor medidas concretas, já que cada Estado é responsável por assuntos ligados à saúde.

Spanien - Öffentliche Trinkgelage "botellon" Alkoholmissbrauch
Preço alto leva jovens espanhóis a beber nas ruasFoto: picture-alliance/ dpa/dpaweb

Ou seja: a Comissão Européia pode apenas iniciar uma discussão e cobrar maior responsabilidade por parte da indústria. Criar leis, ela não pode.

O objetivo é reduzir principalmente o consumo entre os jovens. Uma possível solução é o aumento dos impostos sobre bebidas alcoólicas: em alguns países do sul da Europa, por exemplo, o vinho é completamente livre de taxação, enquanto em outros o imposto sobre a cerveja é baixo demais (1,2 centavo de euro por Kölsch ou Pilsen na Alemanha).

A medida poderia agradar aos Ministérios das Finanças, que já hoje arrecadam 25 bilhões de euros por ano com impostos. Mas ainda há tempo: o prazo da Comissão para que as sugestões entrem em vigor vai até 2012. Até lá, a Europa pode se inspirar no exemplo dos Estados Unidos, onde a idade mínima para consumo de álcool é de 21 anos na maioria dos Estados e selos de advertência já decoram as garrafas de vinho há anos.