Vacinas
21 de outubro de 2009Depois de testes com uma vacina contra o vírus da aids, realizados no decorrer de seis anos, as esperanças voltam a crescer. Pela primeira vez desde a descoberta do vírus HIV, em 1983, pesquisadores conseguem provar a possibilidade de eficácia de uma determinada substância contra a doença. Essa é pelo menos a afirmação do grupo francês Sanofi-Aventis, responsável pelos testes.
O desenvolvimento de uma vacina contra a aids vem ocupando vários grupos farmacêuticos há anos. Caso os franceses tenham realmente descoberto uma vacina eficaz, o potencial de comercialização do produto seria enorme, embora, no momento, não seja possível avaliar essa amplitude, observa Peter Lugauer, analista do Commerzbank.
"Para a indústria farmacêutica, a comercialização de vacinas é um negócio milionário, no qual todos os fabricantes, acredito, podem ganhar muito. Todos pesquisam nesse ramo. Mas, no fim das contas, pode ainda demorar muito até que o produto se estabeleça melhor nas empresas", fala Lugauer.
Situação na África
Nos últimos anos, os índices de infectados pelo vírus da aids voltaram a subir, em consequência da negligência da população. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 7.500 pessoas são contaminadas diariamente pelo vírus. Em todo o mundo, há 33 milhões de infectados, sendo que os índices mais altos se concentram no continente africano, onde, ao sul do Saara, vivem 22 milhões de infectados.
É exatamente aí que a vacina contra a aids precisaria de maior disseminação, embora a população desta região não tenha condições de pagar por medicamentos caros. A indústria farmacêutica, neste caso, deveria levar isso em consideração e oferecer a vacina a preços mais baixos no continente.
Seria possível, por exemplo, subvencionar as vacinas a baixo preço na África à custa dos preços pagos pelos consumidores de países desenvolvidos, mas recursos diretos tanto da OMS quanto dos governos de países ricos seriam também bem-vindos para financiar as vacinas em regiões carentes.
Sistemas voltados para a prevenção
Hoje, analisa Lugauer, os sistemas de saúde em todo o mundo estão muito mais voltados para a prevenção de enfermidades, já que o combate às doenças é, na maioria das vezes, muito mais oneroso para os cofres públicos.
"Com a globalização – leia-se aqui Sars, gripe do frango, gripe suína – fica claro para todo mundo que os perigos são maiores. De forma que cresceu entre empresas, instituições e também entre os governos a disposição em investir mais na prevenção. Há até mesmo ameaças de volta de enfermidades já erradicadas no passado. Assim, a importância das vacinas se torna cada vez mais atual", comenta o especialista.
Potencial para o futuro
Até hoje, o volume de comercialização das vacinas só perfazia uma pequena parte do faturamento de mais de 770 bilhões de dólares da indústria farmacêutica em todo o mundo. No entanto, o desenvolvimento de medicamentos que geram um capital de mais de um bilhão de dólares tem sido cada vez mais raro. Só a pesquisa e o desenvolvimento já consomem somas bilionárias.
Já as vacinas têm seu potencial de expansão. Elas crescem de forma mais rápida que o próprio mercado farmacêutico, se tornando, por isso, mais interessantes para os grandes do ramo. "Esse é um modelo de negócios com taxas de crescimento consideravelmente razoáveis. Para a indústria farmacêutica, é também um ponto de estabilidade em comparação ao mercado com outros medicamentos, que é relativamente volátil. Como observador que vê a questão um pouco de fora, acredito que se vá investir mais em vacinas, já que a demanda deve continuar alta", conclui Lugauer.
Autora: Brigitte Scholtes (sv)
Revisão: Roselaine Wandscheer