Veneza anuncia ingresso para turistas
5 de fevereiro de 2019Veneza deverá cobrar ingresso de turistas que ficam apenas um dia na cidade a partir de maio, se depender da prefeitura da cidade. O plano ainda precisa da aprovação da Câmara Municipal.
O prefeito Luigi Brugnaro anunciou nesta segunda-feira (04/02) que o valor inicial será de 3 euros. A partir de 2020, o valor passará para 6 euros e, em dias de grande chegada de turistas, poderá chegar a 10 euros.
"Não queremos obter lucro", ressalvou Brugnaro. Segundo ele, a intenção é gerar recursos para ajudar a manter a cidade limpa.
Turistas que estiverem hospedados na cidade estarão livres do ingresso, afirmou o prefeito. Quem se hospeda em Veneza já paga uma taxa de hospedagem, que gera cerca de 30 milhões de euros por ano para as autoridades municipais.
Pelos cálculos das autoridades locais, um ingresso no valor médio de 5 euros geraria entre 40 milhões e 50 milhões de euros por ano. A cobrança ficaria a cargo das empresas que transportam os turistas, que depois repassariam o valor para os cofres públicos.
A medida, considerada há muito tempo pelas autoridades, é agora possível devido a uma lei aprovada pelo Parlamento italiano em 30 de dezembro. Ela permite que Veneza aplique a chamada "taxa de desembarque", que já existe em algumas pequenas ilhas italianas.
Moradores de Veneza há muito tempo se queixam da presença excessiva de turistas, que, segundo os locais, descaracterizam a cidade. Um dos principais alvos de reclamações são os turistas de navios de cruzeiro.
Centenas desses navios chegam todos os anos à famosa cidade italiana e despejam nela milhões de turistas, que descem para conhecer a cidade, passam poucas horas e gastam muito pouco, mas geram custos de limpeza, além de lotar as áreas públicas.
O turismo de massa é cada vez mais criticado pelos moradores de grandes cidades europeias, como Barcelona, Amsterdã e Veneza. Entre as principais reclamações estão o encarecimento dos aluguéis devido a serviços como o Airbnb e a descaracterização das cidades por causa da grande circulação de pessoas e do desaparecimento do comércio tradicional em favor de lojas, bares e restaurantes para os turistas.
O centro histórico de Veneza tem cerca de 50 mil habitantes e é visitado todos os anos por entre 20 milhões e 30 milhões de turistas, e só cerca de 20% deles pernoitam na área.
Em 2018, para regular a entrada dos turistas, foram instalados portões nos únicos pontos de entrada terrestre da cidade. Eles são fechados quando se alcança um certo número de pessoas. As autoridades também proibiram, por três anos, a abertura de restaurantes de comida rápida, exceto sorveterias.
A decisão de Veneza de introduzir uma nova taxa foi apoiada pelo prefeito de Florença, Dario Nardella. "Serve para equilibrar os custos para a comunidade, considerando que o funcionamento das cidades artísticas recai sobre os ombros dos contribuintes", afirmou Nardella. Florença também atrai milhões de turistas.
AS/dpa/efe/ap
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