Venezuela confirma mais mortes em protestos contra Maduro
13 de abril de 2017Autoridades da Venezuela informaram nesta quarta-feira (12/04) que foram registradas mais duas mortes em meio a uma onda de protestos contra o presidente Nicolás Maduro, que têm resultado em confrontos com a polícia. Já são cinco mortos nas manifestações das últimas duas semanas no país.
Segundo o Ministério Público (MP) venezuelano, as vítimas mais recentes foram um garoto de 13 anos e um homem de 36 anos, identificado como Miguel Antonio Colmenares. Eles morreram na noite desta terça-feira durante uma manifestação na cidade de Barquisimeto, no oeste do país.
O órgão informou que o protesto também deixou um homem de 32 anos ferido. Investigações já estão em rumo para determinar quem foram os responsáveis pelos crimes, acrescentou o MP.
Mais cedo, o oposicionista Henri Falcón, governador do estado de Lara, onde fica Barquisimeto, já havia comunicado sobre as duas mortes, mencionando ainda que 12 pessoas foram atendidas com ferimentos de bala num hospital da cidade, sem especificar se havia relação com os protestos.
Em coletiva de imprensa, Falcón afirmou que um grupo de "infiltrados" teria atacado a manifestação, criando uma situação de "pré-guerra". "Passaram 80 motociclistas disparando indiscriminadamente contra as pessoas", relatou o governador, acusando-os de provocar "anarquia e desordem".
As ruas da Venezuela voltaram a ser cenário de violentos protestos na semana passada, com a polícia lançando balas de borracha, gás lacrimogêneo, jatos d'água e spray de pimenta contra manifestantes, que retrucam com pedras e coquetéis molotov. Estima-se que dezenas de pessoas ficaram feridas e mais de cem já foram detidas.
Entre os mortos, segundo relata a imprensa venezuelana, estão ainda o jovem Johan Ortiz, de 19 anos, que morreu na semana passada no estado de Miranda, o estudante Daniel Quilez, morto nesta semana em protesto no estado de Carabobo, e uma mulher de 84 anos, que não participava de manifestação, mas morreu por asfixia de gás lacrimogêneo em Caracas na segunda-feira.
O primeiro ato da mais recente onda de protestos, que exigem o afastamento dos juízes do Supremo Tribunal de Justiça (TSJ), ocorreu em 1º de abril, dois dias depois de a Corte, dominada pelo chavismo, ter decidido assumir as competências do Parlamento, de maioria opositora.
A decisão alçou a crise política em Caracas a uma nova dimensão. O golpe institucional foi amplamente condenado internacionalmente e denunciado pela oposição como a confirmação de que o país, em grave crise econômica e com o governo Maduro acuado, estaria vivendo uma ditadura.
Sob pressão, o TSJ acabou revogando a decisão de transferir para si os poderes legislativos dias depois, o que não foi suficiente para reverter a profunda queda na popularidade de Maduro.
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