Verdes atacam plano de isolar refugiados na África
14 de agosto de 2004A iniciativa ítalo-alemã de criar um campo de refugiados no Norte da África recebeu severas críticas por parte dos políticos verdes na Alemanha. "Mesmo que seja à margem da política da coalizão social-democrata e verde, vamos nos opor à tentativa de fechar os portões da Europa", declarou Angelika Beer, membro da presidência do Partido Verde, ao diário berlinense Tagesspiegel. A idéia de criar no norte da África um campo europeu para fugitivos que tentem entrar ilegalmente em território europeu havia partido do ministro do Interior alemão, Otto Schily (SPD), e recebido apoio de seu colega de pasta italiano, Giuseppe Pisanu.
Refugiados para lá do Mediterrâneo
O ministro alemão do Interior, Otto Schily, e seu colega de pasta italiano, Giuseppe Pisanu, haviam anunciado que pretendem adotar medidas mais austeras em relação à entrada de imigrantes ilegais em seus respectivos países. Segundo divulgou o ministério do Interior em Berlim, os dois ministros discutiram, em encontro na Toscana, novas formas de lidar com refugiados que chegam à costa italiana e não podem ser enviados de volta a seus países de origem. "Para esse grupo de pessoas, os ministros pretendem criar uma instância européia, responsável por receber e avaliar a situação dos refugiados, porém fora das fronteiras européias", informou o Ministério em Berlim.
Schily e Pisanu pretendem apresentar um projeto para criação do campo de refugiados durante o próximo encontro do G-5 (grupo dos cinco maiores países da União Européia), a ser realizado em outubro em Florença. Jornais italianos haviam anunciado que o projeto bilateral também preveria a criação de campos para abrigo de requerentes de asilo na Líbia, com verbas européias.
Tudo sem o conhecimento dos verdes
O porta-voz do Partido Verde para política de migração no Parlamento alemão, Josef Winkler, exigiu que Schily informe os parlamentares sobre os acertos que venha a fazer no exterior. "Se ele tentar criar fatos neste sentido em nível europeu, a coalizão terá que se ocupar seriamente da questão", advertiu Winkler. O político verde acusou Schily de ter desrespeitado o consenso vigente entre social-democratas e verdes. A bancada social-democrata no Parlamento também criticou a iniciativa do ministro.
Máfia por trás da imigração ilegal
De acordo com relatórios do serviço secreto, todos os anos chegam à União Européia 1,6 milhões de imigrantes legais e 300 mil ilegais através da Itália. Os relatórios divulgados pelo jornal Welt am Sonntag aumentam a suspeita de que a imigração ilegal seja sustentada por uma rede de criminalidade organizada também envolvida com tráfico de entorpecentes e de armamentos.
Uma dasorganizações mafiosas mencionadas é a Sacra Corona Unita, sediada na Apúlia. Em segundo lugar aparece a Camorra, que mantém relações com a máfia do Maghreb, na Tunísia e no Marroco. Caserta, local de origem do clã Casalesi, da Camorra, já se tornou capital da migração ilegal na Itália. Na Sicília, a Cosa Nostra estaria cooperando com gangues do Maghreb e da Nigéria. O centro da migração ilegal na África seria Marsala, segundo o relatório divulgado pela imprensa alemã.