Viagem da AfD à Síria gera indignação na Alemanha
7 de março de 2018Uma viagem de um grupo de seis deputados do partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) para Damasco, onde se encontraram com o grão-mufti da Síria e representantes do governo do presidente Bashar al-Assad, foi duramente criticada pelo governo alemão e pelos demais partidos políticos da Alemanha.
"O regime sírio mostra todos os dias seu desrespeito aos direitos humanos", afirmou o porta-voz da chanceler federal Angela Merkel, Steffen Seibert, nesta quarta-feira (07/03) em Berlim. "Quem corteja esse regime desqualifica a si mesmo."
A delegação da AfD, composta de deputados federais e estaduais, encontrou-se nesta segunda-feira com o grão-mufti da Síria, Ahmad Badr al-Din Hassoun, em Damasco. Em 2011, ele ameaçara enviar homens-bomba à Europa e aos Estados Unidos em caso de uma intervenção militar do Ocidente no país.
O deputado Michael Brand, encarregado de direitos humanos da bancada conservadora no Bundestag, disse que a viagem é "repulsiva". "Enquanto o ditador Assad utiliza bombas e gás venenoso, deputados da AfD sorriem para as câmeras, se encontram com a claque do assassino e não veem nada demais nisso."
AfD pede que Síria seja considerada país seguro
Os integrantes da delegação da AfD disseram que, com a viagem, pretendem se informar sobre as condições locais para o retorno dos refugiados sírios que estão na Alemanha. O grão-mufti teria pedido aos sírios que vivem na Alemanha que retornassem ao seu país, escreveu o deputado Christian Blex no Twitter.
A AfD defendeu em várias oportunidades uma reavaliação da situação na Síria e criticou a cobertura da imprensa alemã sobre a guerra civil, que já dura sete anos. No início de fevereiro, o vice-presidente do partido, Georg Pazderski, afirmou que, em várias regiões do país, a paz predomina. A legenda defende que a Síria seja classificada como país seguro, o que dificultaria o reconhecimento de pedidos de refúgio.
O governo alemão desaconselha expressamente viagens à Síria e pede aos alemães que ainda estejam no país que o deixem o quanto antes. Segundo o Ministério do Exterior, não há como garantir a segurança pessoal e não há atendimento consular no país. A embaixada em Damasco está fechada.
AS/kna/afp/dpa
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