Vila Olímpica de Munique recebe israelenses 30 anos depois de atentado
4 de agosto de 2002Além de seu aspecto esportivo, o Campeonato Europeu de Atletismo, que começa terça-feira em Munique, tem um significado especial. Em meio aos 2121 atletas, treinadores e auxiliares que já estão se instalando na Vila Olímpica da capital bávara, estão os primeiros 17 israelenses a se alojarem desde então no palco do trágico episódio, jamais esquecido em Israel.
Antes de embarcar em Tel Aviv, o presidente da Federação Israelense de Atletismo, Jack Cohen, disse estar tranqüilo. "Não temos problemas com isso. Todos os atletas vão ficar instalados na Vila", garantiu.
Na comitiva está inclusive Esther Roth. "Ela está registrada como convidada da delegação israelense", informa Till Lufft, secretário-geral da Federação Européia de Atletismo (EAA). Roth participou da Olimpíada de 1972, na modalidade de corrida com barreiras e viveu de perto o terror na Vila Olímpica.
Banho de sangue - Na manhã do dia 5 de setembro de 1972, oito terroristas do grupo palestino Setembro Negro invadiram as acomodações dos atletas israelenses em Munique e mataram dois deles a sangue-frio. Depois exigiram a libertação de 200 árabes presos em Israel e um avião para sua própria fuga.
A operação de resgate no aeroporto de Fürstenfeldbruck acabou mais tarde num banho de sangue, com a morte de nove reféns israelenses, cinco terroristas palestinos e um policial.
As competições ficaram interrompidas durante 34 horas e a Olimpíada acabou prorrogada em um dia. "Os Jogos devem continuar", bradou o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Avery Brundage, durante a cerimônia de luto pelas vítimas do episódio.
Medidas de segurança - O reflexo do atentado terrorista de 30 anos atrás é visível na preparação do Campeonato Europeu de Atletismo. Segurança tem sido prioridade da organização. Os 801 apartamentos e os 598 bangalôs da Vila agora são protegidos por cercas.
Além de mil policiais, também foi contratado um serviço privado de vigilância para proteger os alojamentos. E provavelmente estão igualmente presentes agentes israelenses. "Quanto a isso eu não tenho nada a declarar", esvaiu-se Cohen.
O chefe de polícia de Munique Werner Feiler também não informa detalhes. Ele admite apenas que "foram planejadas medidas especiais de segurança para os atletas israelenses". Para ele, a enorme mobilização policial em torno do campeonato é justificável. "Durante a competição, toda a Europa voltará os olhos para Munique, por isso estamos dando grande importância às questões de segurança. Se não acontecer nada, o trabalho terá sido recompensado."