Síria
26 de dezembro de 2011Pelo terceiro dia consecutivo, as tropas do regime do presidente Baschar al-Assad mantiveram sob controle bairros de Homs, terceira maior cidade da Síria. Na região vivem, sobretudo, membros da oposição no país, declarou nesta segunda-feira (26/12) o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, com sede em Londres. As informações são de que 20 pessoas foram mortas e mais de cem encontram-se feridas. Segundo o Observatório, a situação em Homs é "amedrontadora".
Oposição teme invasão
No domingo, o Observatório já havia declarado que a conduta violenta das forças de segurança deixou em Homs pelo menos 124 feridos e um número ainda não estimado de mortos. A cidade, localizada a aproximadamente 160 quilômetros ao norte de Damasco, é um dos pontos de concentração das revoltas contra o presidente Assad. O Conselho Nacional Sírio, aliança de oposição mais importante do país, declarou no domingo que a cidade está cercada por aproximadamente 4 mil soldado e sofre a ameaça de "invasão" das Forças Armadas.
A agência de notícias Dpa afirmou, com base em depoimentos de um membro da oposição síria, que um observador da Liga Árabe teria sido ferido na cidade, provavelmente em consequência dos ataques das tropas governamentais. Segundo o ativista, teria sido possível levar quatro membros da missão da Liga Árabe de Damasco a Homs, sem que o governo notasse. Os dados, no entanto, não podem ser confirmados, já que o regime sírio não permite a liberdade de imprensa para relatos sobre os acontecimentos no país.
Observadores iniciam trabalho
Desde a última quinta-feira, um primeiro grupo de observadores da Liga Árabe encontra-se na Síria, a fim de iniciar oficialmente seus trabalhos na próxima terça-feira (27/12). Na noite desta segunda-feira, mais 50 observdores chegam a Damasco. A comissão é composta de 150 a 200 pessoas. O general sudanês Mohammed Ahmed Mustapha al-Dabi, coordenador da equipe, chegou ao país no domingo, segundo fontes próximas ao governo sírio.
O Conselho Nacional de oposição exigiu que os observadores viajem de imediato a Homs. A reivindicação conta com o apoio do Observatório dos Direitos Humanos e do governo francês. Um porta-voz do ministério francês das Relações Exteriores afirmou que o governo sírio terá que permitir o acesso dos observadores a Homs imediatamente após a chegada dos mesmos ao país, uma vez que os confrontos nesta cidade têm sido "especialmente sangrentos".
Planos para cessar a violência
Depois de um longo tempo hesitante, o governo sírio aceitou, no início de novembro último, o plano da Liga Árabe para cessar os conflitos entre regime e oposição no país. O plano em questão prevê o fim da violência do governo contra civis, a retirada das tropas das cidades e a libertação de todos os prisioneiros políticos.
Desde março último, milhares de pessoas têm ido às ruas na Síria, em protesto contra a conduta autoritária do presidente Assad. Segundo estimativas das Nações Unidas, mais de 5 mil pessoas foram mortas nos confrontos no país desde então.
Autor: Michael Wehling (sv)
Revisão: Nádia Pontes