Violência ameaça cessar-fogo humanitário no Iêmen
13 de maio de 2015O cessar-fogo humanitário de cinco dias no Iêmen continua em vigor nesta quarta-feira (13/05), apesar de relatos de ataques aéreos realizados durante a noite pelas forças lideradas pela Arábia Saudita e de operações militares realizadas pelos rebeldes xiitas houthi em algumas regiões do país.
Testemunhas na cidade de Abyan, no sudoeste iemenita, relataram que ataques aéreos atingiram posições dos houthi horas após os rebeldes tomarem a região, já após ao início da trégua nesta terça-feira.
Os houthi e seus aliados haviam prometido respeitar o cessar-fogo, mas a Arábia Saudita alertou que puniria quaisquer tentativas dos insurgentes de obter vantagens militares durante a trégua.
Autoridades sauditas denunciaram que ataques de mísseis atingiram a região de fronteira do país com o Iêmen.
Moradores nas províncias de Shabwa e Lahj, no sul do país também testemunharam combates intensos entre milícias locais e os houthi, assim como ataques aéreos, após o início do cessar-fogo, estabelecido para permitir a entrada de ajuda humanitária nas regiões afetadas pelos conflitos.
Antes do início da trégua, ao menos 35 civis haviam morrido em razão dos ataques aéreos liderados pela Arábia Saudita nas cidades de Abs e Zabeed, no oeste iemenita.
Ajuda humanitária chega ao Iêmen
Apesar das denúncias de violações do cessar-fogo, as agências internacionais de ajuda humanitária começaram a prestar assistência aos moradores da capital Sanaa, controlada pelos rebeldes.
Um navio alugado pelo Programa Mundial de Alimentação das Nações Unidas (PMA), que chegou ao Iêmen na semana passada, iniciou a distribuição de combustível para as regiões do país, segundo informou uma autoridade do porto de Hodeidah.
O rei Salman da Arábia Saudita anunciou, no primeiro dia da trégua, que iria dobrar o valor da ajuda humanitária ao Iêmen para cerca de 540 milhoes de dólares.
Um avião da organização Médicos sem Fronteiras deve chegar ainda nesta quarta-feira ao Iêmen, seguido de outra aeronave na quinta-feira, informou a diretora da entidade no país, Marie-Elisabeth Ingres.
Ela ressaltou, porém, que a trégua de cinco dias "não é suficiente, dadas as carências da população", e insiste que as agências humanitárias tenham acesso permanente às zonas de conflito.
O Irã também anunciou o envio de um navio com ajuda humanitária ao país, sob protestos de Washington, que afirma estar monitorando a movimentação da embarcação.
A ONU afirma que mais de 1,500 pessoas morreram em razão dos conflitos e dos ataques aéreos no Iêmen.
RC/rtr/afp