Violência no Oriente Médio frustra UE
9 de outubro de 2003O encarregado da política externa comum da União Européia, Javier Solana, admitiu, em debate realizado nesta quinta-feira (09/10) no Parlamento Europeu, que o processo de paz entre israelenses e palestinos se encontra atualmente "numa espécie de beco sem saída". Declarou não conseguir esconder uma sensação de frustração, constatando que "israelenses e palestinos simplesmente não têm a vontade política conjunta para implementar os acordos realizados".
O chefe da diplomacia européia considera a situação extremamente perigosa, após o ataque de Israel a um suposto centro de treinamento de extremistas palestinos na Síria, acreditando no "perigo de que a coisa agora se amplie para um conflito regional".
Reafirmação das metas
Ao mesmo tempo, Solana salientou que não vê alternativa para o plano de paz elaborado pelos EUA, Rússia, as Nações Unidas e a União Européia, o chamado road map. A meta de criar dois Estados independentes, dentro de fronteiras seguras, "não pode ser deixado de lado", advertiu.
Assim como outros oradores que se pronunciaram no debate, Solana conclamou ambas as partes a um maior empenho: os palestinos, por meio de providências para garantir a segurança; Israel, por sua vez, renunciando a medidas que violam o direito internacional, tais como o assassinato intencional de palestinos acusados de extremismo.
Novos motivos de insegurança
Poucas horas após o debate no Parlamento Europeu, divulgou-se a notícia de um novo atentado suicida na Cisjordânia, cometido, como o de Haifa cinco dias atrás, por uma mulher. Na explosão diante de uma base militar israelense nas proximidades da cidade de Tulkarem, três pessoas teriam ficado feridas.
Em Ramallah, por sua vez, prossegue a luta interna pelo poder na Autoridade Palestina. As divergências reveladas no debate parlamentar sobre o gabinete de emergência comandado pelo novo primeiro-ministro, Ahmed Kureia, levaram o parlamento palestino a adiar a votação, provavelmente para sábado.
Notícias de que Kureia, que assumiu o cargo há apenas dois dias, teria apresentado sua demissão ao presidente Yasser Arafat foram, no entanto, desmentidas. Fato é que as divergências giram em torno de questões de competência, que já levaram o chefe de governo anterior, Mahmud Abbas, a renunciar ao cargo. Javier Solana manifestou preocupação com os boatos, reiterando que Kureia conta com "todo o apoio" da UE.