DW Antena
29 de janeiro de 2007A cena musical da maioria dos países é cheia de altos e baixos, com fases de intensa produção musical e outras em que é melhor desistir e escutar música estrangeira. Até que alguma banda sensacional quebra o gelo e uma legião de outras menores vem atrás.
Estas últimas são bandas que nem sempre chamam a atenção e muitas vezes praticamente nem se destacam do grande resto, funcionando como suporte. Mas, no final das contas, são elas que fazem a diferença, pois são um indício de que há bandas para todos os ouvidos, não importando o que dizem os críticos.
O quarteto Virginia Jetzt! é uma delas. Não há nada, absolutamente nada de especial nos quatro rapazes de Brandemburgo. Nem na aparência externa, nem na forma de compor, nem na história pessoal. Mas também não há nada de errado nisso.
Do tédio veio a música
Thomas Dörschel (guitarra/piano), Mathias Hielscher (baixo), Nino Skrotzki (voz/guitarra) e Angelo Gräbs (bateria) se juntaram em 1999 na pequena cidade de Elsterwerda, no Estado de Brandemburgo. E, por mais original que pareça, nem mesmo por trás do nome da banda – Virginia agora – há algo além de uma simples e banal história de amor.
Certa vez, o guitarrista e pianista se apaixonou por uma tal de Virgínia e a convidou para assistir a uma apresentação do coral em que cantava. Para que ela encontrasse o local do evento em algum lugar no interior de Brandemburgo (se é que existe algo mais que "interior" em Brandemburgo), ele espalhou cartazes com setas e as palavras "Virginia Jetzt!".
Como acontece com a maioria dos jovens da região, todos eles se mudaram para Berlim ao entrar na faculdade, antes mesmo de lançar qualquer EP independente ou uma demo que fosse. Só depois de instalada na capital é que a banda distribuiu um primeiro EP com quatro faixas por rádios e gravadoras locais.
Esse tipo de rock universitário – não é segredo algum – geralmente faz sucesso entre um público específico: garotas pubertárias. Com eles, não foi diferente e um certo espaço nas rádios locais já estava garantido. Outro EP veio em seguida, inclusive com uma pequena turnê pela Alemanha, até que em 2003 saiu o primeiro álbum, Wer hat Angst vor Virginia Jetzt? (Quem tem medo de Virginia Jetzt?).
Tudo o que o primeiro álbum já tinha, eles repetiram no segundo, Anfänger (Iniciante), de 2004: melodias simples, letras falando de amor, corações partidos e outras bobagens cotidianas. Até aqui, tudo o que mostravam conhecer era um pop fraco, que atende no máximo à demanda de estações de rádio.
Terra abaixo
Então por que falar deles? Porque o recém-lançado terceiro álbum, Land unter (Terra abaixo), é como se fosse um disco de estréia, um recomeço. Os quatro arriscam falar de temas mais maduros, de sentimentos mais intensos, investem em uma música mais articulada e mais dinâmica, com arranjos de piano e harmonias mais desenvolvidas.
Agora, eles são uma banda indie profissional. Além disso, eles têm algo que poucas das bandas alemãs que chegam às paradas de sucesso têm: a experiência de ter crescido na antiga República Democrática Alemã (RDA). Essa é a história que eles cantam na faixa "Zonenkind" (criança da zona [de ocupação soviética], como era pejorativamente chamada a RDA na Alemanha Ocidental).
"Quando o passado é eliminado às custas de um futuro melhor e nada te prende à terra, a não ser o fato de ter nascido lá./Um olhar para trás, um olhar para frente/O que me segura aqui: aqui eu nasci. (…) Mas não um lar, apenas uma casa: o país".
O próprio título do álbum já indica uma maior intensidade de sentimentos: terra abaixo é a expressão que os habitantes da Frísia do Norte, na costa alemã do Mar do Norte, usam para descrever a situação causada pela subida da maré, inundando as inúmeras pequenas ilhas chamadas Halligen e deixando à vista apenas pequenas dunas artificiais onde foram erguidas as casas.
O Virginia Jetzt! está longe de destacar-se como uma ilha na cena musical alemã. Mas, com o novo disco, eles certamente deram um passo à frente para conquistar um público mais sólido e maduro. Virginia agora!