Volkswagen sofre revés no Brasil, mas bate recorde mundial de vendas
14 de janeiro de 2013Em decisão liminar expedida pela juíza Carla Giustina, substituta do 1º Juizado da 15ª Vara Cível da Capital, a Volkswagen foi obrigada a informar todos os compradores dos modelos Fox, Voyage e Novo Gol fabricados em 2009 e 2010 a procurarem uma concessionária. A decisão, expedida na última sexta-feira (11/01) e publicada pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, é favorável a uma ação civil do Ministério Público, que afirma que os veículos em questão foram produzidos com motores que apresentam ruídos. Calcula-se que até 400 mil carros possam ter sido afetados.
A Volkswagen admitiu o excesso de ruído e alegou que um tipo de óleo utilizado no enchimento dos motores seria a causa. O Ministério Público verificou, entretanto, que esses motores de um litro teriam sofrido uma alteração térmica na construção de componentes essenciais, para reduzir os custos da fabricação. Ainda de acordo com o MP, a manutenção dos veículos se tornou muito frequente, trazendo maiores custos ao consumidor.
A liminar determina que a Volkswagen publique um anúncio em jornais de todos os estados brasileiros. Ainda cabe recurso à montadora alemã. Um porta-voz da multinacional mostrou-se surpreso com a decisão da justiça, já que o problema em questão não é prejudicial à saúde nem à segurança dos motoristas. Ainda segundo ele, a Volkswagen já havia reconhecido o problema em 2009 e entrado em acordo com os estados para oferecer trocas de óleo gratuitas e prolongar o tempo de garantia dos motores.
A ação segue tramitando na 15ª Vara Cível de Porto Alegre, e a multa diária foi fixada em 10 mil reais, caso o anúncio não seja publicado, e de 20 mil até o limite de dois milhões de reais, caso a montadora se recuse a trocar as peças. A decisão diz respeito aos veículos FOX 1.0 (chassis: 94000017 até 94165002), Novo Gol 1.0 (chassis 9P000001 até AP077821) e do Voyage (chassis 9T000001 até AT159748).
Recorde de vendas e meta em ser líder mundial
A Volkswagen ocupa atualmente o segundo lugar no mercado brasileiro, com a fatia de 21,4% dos carros comercializados. Líder no segmento segue a Fiat, com 23%. No ano passado, foram vendidos 773 mil veículos da VW, e o modelo Gol segue sendo o carro mais vendido em território brasileiro há 26 anos.
Mundialmente a montadora alemã superou a crise do setor e não tem do que se queixar. O chefe do grupo, Martin Winterkorn, comunicou durante as prévias da Feira Internacional do Automóvel de Detroit, que as vendas da Volkswagen aumentaram 11,2% no ano passado em relação a 2011. A maior montadora europeia, incluindo as suas 12 subsidiárias, vendeu 9,07 milhões de automóveis no ano de 2012. Um recorde absoluto na história da Volkswagen, que alcançou as líderes do mercado Toyota e General Motors. "Grandes desafios nos aguardam", disse Winterkorn, que pretende levar a marca alemã ao topo até 2018.
O aumento no volume de vendas se deve muito aos mercados da China e dos Estados Unidos. No gigante asiático, o grupo Volkswagen vendeu 2,81 milhões de veículos, cerca de 25% a mais que no ano anterior. Já nos Estados Unidos a marca quebrou um recorde que perdurava desde 1970 ao vender 596 mil modelos, o que alavancou as vendas em 34% em relação a 2011. Há 40 anos, o responsável pelo boom nas vendas foi o Fusca. Hoje, são o Jetta e o Passat. Para 2013, Martin Winterkorn prevê a venda de 600 mil carros no país da GM.
Recordes também nas subsidiárias
A Porsche vendeu 141 mil modelos, um aumento de 18,7% em relação a 2011. A Audi, com 1,46 milhões de carros vendidos, também quebrou o próprio recorde.
Os números mostram por que Volkswagen é a melhor entre as multinacionais alemãs, segundo ranking divulgado pelo jornal alemão especializado em finanças Handelsblatt. Na lista das 100 empresas mais valiosas do mundo, a VW aparece na 58ª posição. Se em 2010 a única empresa alemã era a Siemens, somam-se agora, além da própria Siemens e da VW, SAP, Bayer e BASF.
Porém na Europa, sem levar em conta os números na própria Alemanha, as vendas caíram 6,5%, e Christian Klingler, diretor de vendas da Volkswagen, acredita que "a insegurança do mercado, principalmente na Europa, vai aumentar neste ano".