Volkswagen é o carro dos chineses
26 de fevereiro de 2004O engajamento da Volkswagen na República Popular da China data de cerca de 20 anos e obteve um êxito paulatino, mas constante. Hoje, dois anos depois do ingresso da China na Organização Mundial do Comércio (OMC), a multinacional alemã domina mais de 30% do mercado automobilístico chinês.
Em 2003, as potencialidades do maior mercado emergente do mundo tornaram-se ainda mais claras. Pela primeira vez, a Volkswagen vendeu mais carros na China do que na própria Alemanha – quase 700 mil veículos. Isso representou um aumento de 36% em relação ao ano anterior.
Mas não apenas a marca Volkswagen é um sucesso no mercado chinês. Também outras marcas do conglomerado alemão estão presentes na China. O segmento dos carros de luxo é dominado em mais de 40% pela Audi, que vendeu cerca de 63 mil automóveis no ano passado. Os modelos A6 e A4 têm uma linha própria de produção na China.
Investimento do cash flow
O sucesso exige providências da empresa. As duas fábricas em operação no país asiático já atingiram o seu limite máximo de produção e não têm mais como expandir. Para atender à crescente demanda, a Volkswagen pretende investir mais cinco bilhões de euros na construção de linhas adicionais de montagem até o ano de 2008. A meta é a fabricação de 1,6 milhão de veículos por ano.
A grande rentabilidade do mercado chinês pode ser constatada quando se leva em consideração os planos da Volkswagen, de financiar os novos investimentos através do cash flow das duas fábricas já em operação na China, em regime de joint ventures.
Segundo o presidente da Volkswagen, Bernd Pischetsrieder, nenhum centavo deverá ser transferido da matriz do conglomerado para possibilitar os investimentos que duplicarão o volume de produção na China. Tal situação privilegiada é ímpar. "Nenhum dos nossos concorrentes mundiais pode apresentar uma situação igual", afirma Pischetsrieder.
Para garantir a continuidade do sucesso, o conglomerado alemão mantém uma política agressiva no lançamento de novos carros. No ano passado, quatro novos modelos foram apresentados aos consumidores chineses: uma nova variante do Polo, o Audi A4, o novo Golf, além do jipe off road Touran.
Futura capacidade ociosa
O êxito da Volkswagen na China pode ser justificado em grande parte pela estratégia da empresa, de instalar toda a produção no país asiático. Com isso, foram eliminadas quase inteiramente as incertezas e turbulências na importação de componentes, em decorrência das flutuações cambiais.
Apesar da história de sucesso, a Volkswagen sabe que a enorme expansão é passageira. Isso é confirmado pelo diretor Volker Weissgerber: "Temos consciência de que as taxas atuais de crescimento poderão cair dentro em breve – da mesma maneira como ocorreu na América do Sul, tempos atrás. Os peritos contam então com uma enorme capacidade ociosa e acham que uma guerra de preços será inevitável. Se a exportação poderá ou não ser um caminho atraente a longo prazo é uma questão polêmica. Pois os custos de produção ainda são maiores que na Europa Oriental ou no Brasil. Além disso, os lucros obtidos nos joint ventures têm de ser compartidos."
De qualquer maneira, a Volkswagen já está sondando as possibilidades da exportação. Em dezembro passado, já foram vendidos ao mercado australiano os primeiros Polos de exportação fabricados na China. Até 2008, deverão ser exportados cerca de 600 automóveis todos os anos. O que representa uma fatia ínfima da produção total do conglomerado Volkswagen na República Popular da China.