Vítimas do supertufão Haiyan vivem drama de isolamento e incertezas
13 de novembro de 2013No salão principal do aeroporto de Cebu, no leste das Filipinas, um pequeno grupo de pessoas de olhar exausto e desesperado estão aglomeradas, umas apoiadas nos ombros das outras. Elas passaram incólumes pelo supertufão Haiyan, que atingiu o arquipélago das Filipinas, no Sudeste Asiático, na última sexta-feira, com rajadas de vento que chegaram a ultrapassar 300 quilômetros por hora.
Mesmo assim, as pessoas reunidas no aeroporto de Cebu têm o olhar vazio e cansado. Aguardam notícias para seguir viagem. Eles vieram do país inteiro à procura de seus parentes.
Uma delas é Meredith Dumdum, cuja família mora em Tacloban, localidade atingida em cheio pelo Haiyan. "Toda a área em que eles moravam foi destruída, levada pelas águas", diz. "Não tenho a menor ideia de como eles estão." Meredith recebeu apenas uma única chamada da sobrinha logo após o tufão e, desde então, não conseguiu obter nenhum outro sinal de vida. "Agora estou esperando que me liguem de novo."
Voo cancelado
Meredith, que tenta em vão ligar para a família, havia conseguido comprar uma passagem para o voo 4268, de uma das aeronaves que levam trabalhadores humanitários até Tacloban em 40 minutos. Mas o voo foi cancelado devido ao mau tempo. Agora, Meredith não sabe como vai conseguir ajudar a família. Ela esconde o rosto, num sinal de desespero.
Talvez a sobrinha e a irmã já estejam no aeroporto de Tacloban. Na cidade, assim como em muitas outras cidades castigadas pelo tufão, há falta de água e alimentos. O aeroporto local foi severamente danificado. Muitos habitantes estão totalmente isolados do mundo exterior, porque as estradas ainda estão bloqueadas por árvores caídas ou porque desapareceram completamente por causa das fortes chuvas.
Ajuda encalhada no meio do caminho
A operação de socorro nesses lugares consegue avançar apenas muito lentamente. Ela parte principalmente da cidade de Cebu, onde inúmeros ajudantes chegam, juntamente com toneladas de suprimentos, e seguem para as áreas atingidas. Um dos que presta ajuda humanitária é o romeno Ionut-Lucain Homeag, da organização humanitária da Comissão Europeia (órgão executivo da União Europeia).
Ele conta que ajudou a transportar para Cebu 33 toneladas de equipamento médico e para purificação de água. "Mas agora temos dificuldades para levar tudo para a área do desastre", lamenta. Tacloban necessita urgentemente de um posto médico e de um sistema para tratamento de água. "Mas temo que enfrentaremos ainda mais problemas logísticos", acrescenta Homeag. "A capacidade de recepção de carregamentos no aeroporto de Tacloban está longe do ideal."
Pista invadida
O aeroporto de Tacloban continua extremamente danificado, a própria estrada que leva do aeroporto até a cidade é de tráfego difícil. Homeag também pretendia pegar o voo 4268. Os sobreviventes nas áreas atingidas também esperam a chegada de outras aeronaves. Muitos deles querem fugir e encontrar um abrigo seguro o mais rápido possível.
Segundo relatos de testemunhas, centenas de pessoas invadiram na terça-feira (12/11) a pista do aeroporto de Tacloban para tentar embarcar num dos poucos aviões com destino a Cebu. Mas as organizações humanitárias só conseguiram até agora embarcar poucas pessoas.
Após o cancelamento do voo 4268 ter sido anunciado pelos autofalantes do aeroporto de Cebu, Homeag senta-se numa das grandes bolsas nas quais sua equipe transporta medicamentos. Ele espera poder prosseguir no dia seguinte para Tacloban. "Só quando estiver no local, vou poder saber do que as pessoas estão precisando com mais urgência", conclui.