WikiLeaks acusa Google de entregar dados privados ao FBI
26 de janeiro de 2015O WikiLeaks denunciou nesta segunda-feira (26/01) que três de seus colaboradores tiveram conteúdo de e-mails e outras informações privadas entregues ao FBI (a polícia federal americana) pela Google.
Documentos difundidos pelo próprio WikiLeaks mostram a existência de três ordens judiciais, emitidas em 22 de março de 2012, nas quais um juiz americano solicita à Google a entrega de todas as informações que dispõe sobre três colaboradores do site de Julian Assange.
Os três jornalistas associados ao WikiLeaks desde 2012 são a diretora de investigações Sarah Harrison, o porta-voz Kristinn Hfransson e Joseph Farrel, que trabalha com Assange na Embaixada do Equador em Londres – onde o australiano está refugiado desde 19 de junho de 2012.
Os mandados expedidos pelo Departamento de Justiça dos EUA alegam espionagem, roubo de propriedade do governo americano, fraude informática, e abuso e conspiração geral, o que pode culminar numa pena de até 45 anos de prisão.
Segundo o WikiLeaks, os três jornalistas foram informados pela empresa americana de serviços de internet sobre o reenvio de informações apenas em 23 de dezembro do ano passado, com o argumento de que a Google estava seguindo ordens judiciais.
O conteúdo – e-mails enviados e deletados, lista de contatos, endereços de IP e dados dos computadores – havia sido entregue às autoridades americana em 5 de abril de 2012.
"Hoje, advogados do WikiLeaks escreveram para o Google e o Departamento de Justiça dos EUA a respeito de uma grave violação da privacidade e dos direitos jornalísticos da equipe do WikiLeaks", disse a organização em comunicado.
O site também acusou a gigante da internet de ter cedido ao pedido das autoridades sem as questionar, o que abriria um prejudicial precedente para a profissão de jornalista e para outros usuários do Google.
"Ainda que os jornalistas do WikiLeaks não usem os serviços do Google para comunicações internas ou para se comunicar com as fontes, os mandados de busca representam uma invasão substancial de suas privacidades pessoais e liberdade", concluiu a organização.
PV/lusa/rtr/ap