Worldwatch critica indiferença ecológica e social dos países ricos
11 de janeiro de 2002O Instituto americano Worldwatch divulgou nesta quinta-feira (10) o seu relatório anual sobre a situação da qualidade de vida no mundo, com dados nada animadores. A organização não-governamental exige maior participação dos países desenvolvidos no combate à pobreza e às questões ambientais.
"A guerra contra a pobreza e a destruição ambiental precisa ser combatida com a mesma agressividade e recursos financeiros da guerra contra o terrorismo", diz Gray Gardner, um dos autores do relatório, dimensionando a gravidade do problema.
No balanço que fez dos últimos dez anos, desde a Conferência da ONU sobre o meio ambiente no Rio de Janeiro em 1992, a maioria das promessas e metas programadas para o período não foram cumpridas.
Balanço –
Na última década, o número de mortes pela AIDS aumentou seis vezes, a quantidade de recifes de corais danificados aumentou de dez para 27% e a quantidade de gases poluentes na atmosfera nunca esteve tão alta.Cerca de 12,5% dos pássaros, 25% dos mamíferos e 34% dos peixes desapareceram nos últimos cem anos. Neste período, o nível dos oceanos subiu entre dez e 20 centímetros, por causa do aquecimento da Terra e em conseqüência do derretimento das calotas polares.
O país mais criticado pelo Worldwatch foi os Estados Unidos, onde os níveis do gás carbônico emitido para a atmosfera cresceram 18%, o dobro da média mundial.
Pobreza –
Entre as promessas da Eco 92, não cumpridas pelos países desenvolvidos, está o socorro aos países pobres para evitar o crescimento das suas dívidas externas. Ao longo dos últimos dez anos, a dívida dos países do Terceiro Mundo aumentou 34%, atingindo 2,5 trilhões de dólares.Mesmo com um crescimento industrial de 30% na década de 90, a ajuda financeira para o desenvolvimento dos países pobres diminuiu de 69 bilhões de dólares para 53 bilhões. Cerca de 1,2 bilhão de pessoas vivem abaixo dos limites da pobreza.
O presidente do Instituto Worldwatch, Christopher Flavin, considera um despropósito que o programa de proteção ambiental das Nações Unidas disponha de apenas 100 milhões de dólares por ano, enquanto as verbas militares dos governos superam 750 bilhões.
As conquistas –
Entre os pontos positivos do relatório de 2002 do Instituto, apareceram a redução da emissão do gás CFC, que destrói a camada de ozônio, a diminuição das mortes por doenças intestinais e tuberculose, e a proibição do uso de 12 produtos químicos perigosos. Houve progressos ainda no uso da energia eólica (vento), na agricultura biológica e na reciclagem. O protocolo sobre o clima, assinado em Kyoto, no Japão, também foi elogiado pela ONG.Futuro –
Uma nova reunião de cúpula será realizada este ano na cidade de Johannesburgo, na África do Sul, do dia 26 de agosto a 4 de setembro. "Na reunião vamos descobrir se as nações são capazes de resolver os problemas do mundo juntas, ou se vão continuar conduzindo o planeta para a pobreza, degradação do meio ambiente, terrorismo e outras guerras", disse uma das autoras do relatório de 2002 do Instituto Worldwatch.Este protocolo será o ponto de partida da nova Conferência da ONU sobre meio ambiente. De acordo com o Secretário Geral das Nações Unidas, Kofi Annan, que escreveu o prólogo do relatório, a Terra se encontra em uma situação de grande perigo.