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Zeitgeist: Por que o pequeno Catar incomoda tanto?

8 de junho de 2017

Um dos menores países do mundo, emirado do Golfo é também um dos mais ricos e mais influentes do Oriente Médio. Entenda como sua história e sua atuação na região acabaram o levando ao isolamento.

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Katar - Doha Skyline im Sandsturm
Foto: picture-alliance/Photoshot/Nikku

O Catar é um dos menores países do mundo, com uma área de apenas 12 mil quilômetros quadrados, e também um dos mais ricos, com um PIB per capita anual de 68 mil dólares, graças às suas grandes reservas de gás e petróleo. Seu território é uma península, tendo como única fronteira terrestre a Arábia Saudita.

Uma monarquia absolutista hereditária desde a sua independência do Reino Unido, em 1971, o emirado está nas mãos da Casa de Thani, uma dinastia que ha séculos domina essa pequena região da Península Arábica. O islã é a religião oficial, e a sharia é a base da legislação nacional.

Logo após a independência, este emirado árabe passou por uma fase de grande expansão econômica devido ao gás e ao petróleo. Ainda em 1971 foi descoberto no Catar o maior campo de gás natural do mundo, o North Gas Field.

Com a riqueza do gás e do petróleo, o país atraiu milhares de trabalhadores do exterior e experimentou um vertiginoso crescimento populacional, saltando de 50 mil habitantes em 1950 para 2,5 milhões em 2016. Cerca de 90% da população do Catar é composta por estrangeiros, vindos, por exemplo, da Índia, do Paquistão ou do Egito para trabalhar na indústria do petróleo ou na construção civil. Apenas 250 mil habitantes são cidadãos cataris.

Boa parte das centenas de bilhões de dólares obtidos com as exportações de gás e petróleo foram depositadas num fundo de investimentos, o Qatar Investment Authority (QIA). O dinheiro é investido no exterior, de forma diversificada. O Qatar tem participações, por exemplo, na Porsche/Volkswagen e no Deutsche Bank.

O Catar é também o primeiro país árabe escolhido para sediar uma Copa do Mundo, a de 2022. O evento integra os esforços do governo para fortalecer o turismo na região. Além disso, a Qatar Airways se tornou uma forte concorrente das empresas aéreas europeias nos últimos anos, e o aeroporto internacional de Doha, um importante hub.

Influência diplomática

Mesmo minúsculo, o Catar desempenha um importante papel no Oriente Médio devido não só à sua riqueza, mas também por abrigar a maior base militar dos Estados Unidos na região, com mais de 10 mil militares, e por ser a sede da emissora de televisão Al Jazeera, de enorme influência no mundo árabe, principalmente com seu canal em árabe.

As grandes potências sunitas da região, como a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, acusam o Catar de apoiar grupos como a Irmandade Muçulmana e o Hamas, classificados por elas de terroristas, e de manter estreitas relações com o Irã, a grande potência xiita e arquirrival da Arábia Saudita na disputa pela hegemonia regional.

De fato, o Catar é um dos principais financiadores da Faixa de Gaza, governada pelo Hamas, e abriga um dos líderes do grupo no exílio, Khalid Meshal, desde 2012.

A Al Jazeera tem sido frequentemente acusada por outros países árabes de ingerência em assuntos internos e de apoiar grupos islamistas, como a Irmandade Muçulmana no Egito, principalmente durante a chamada Primavera Árabe.

Já da base de Al-Udayd partem os voos americanos que atacam postos do grupo jihadista "Estado Islâmico" na Síria e no Iraque. A base é um dos principais trunfos diplomáticos do Catar.

A coluna Zeitgeist oferece informações de fundo com o objetivo de contextualizar temas da atualidade, permitindo ao leitor uma compreensão mais aprofundada das notícias que ele recebe no dia a dia.