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Economia

31 de julho de 2009

Zona do euro registra maior taxa de desemprego da última década. Enquanto preços decrescentes aumentam poder aquisitivo, aumento do desemprego freia consumo privado.

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Especialistas ainda não acreditam em deflação na zona do euroFoto: picture-alliance / Helga Lade Fotoagentur GmbH

A Crise econômica afeta cada vez mais o mercado de trabalho na Europa. Segundo dados do Eurostat, departamento de estatísticas da União Europeia (UE), a taxa de desemprego registrada em junho deste ano nos 16 países que formam a zona do euro subiu para 9,4%. Esse é o maior nível desde que a zona foi formada, em 1999, comunicou o Eurostat nesta sexta-feira (31/07), em Bruxelas.

Em toda a UE, esse índice atingiu 8,9%, o maior desde 2005. Em junho, cerca de 21,5 milhões de pessoas estavam desempregadas nos 27 países-membros do bloco – 5 milhões mais do que em junho de 2008.

Os países europeus com maior taxa de desemprego foram Espanha (18,1%), Letônia (17,2%) e Estônia (17%). O desemprego foi menor na Holanda (3,3%) e Áustria (4,4%). Na Alemanha, a taxa de desemprego (7,7%) ficou abaixo da média da União Europeia.

Ao mesmo tempo, a inflação continua a cair na zona do euro. Neste mês de julho, informou o Eurostat, a taxa de inflação foi de -0,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. Trata-se da maior queda de preços dos últimos dez anos. O índice de julho ficou 0,5 ponto percentual abaixo do de junho e bem distante dos 2% estimados pelo Banco Central Europeu (BCE) para a estabilidade de preços.

Deflação descartada

Symbolbild Preis für Öl steigt auf neue Rekordhöhe
Queda de preço do barril de petróleo contribuiu para baixar inflaçãoFoto: picture-alliance/ dpa

Especialistas descartam, no entanto, a possibilidade de deflação, ou seja, uma redução persistente do nível geral dos preços. "A grande flutuação dos preços dos energéticos esconde que, no momento, a inflação subjacente – que exclui a variação de preços dos alimentos e dos energéticos – está praticamente estável", disse Simon Juncker, especialista do Commerzbank.

A diminuição dos preços do óleo de calefação e da gasolina foi decisiva para a atual queda de preços, antecipada pela redução mundial do preço do petróleo bruto. Há um ano, o barril do petróleo atingia o preço recorde de 150 dólares.

Hoje, com a diminuição da demanda de petróleo devido à recessão, o preço do barril caiu para menos da metade. O preço dos alimentos também baixou. Por causa da crise econômica, a imposição de preços mais elevados se tornou inviável para a indústria, o comércio e os prestadores de serviços.

Investimentos com dinheiro barato

O preço decrescente da energia baixou o custo de vida dos 320 milhões de habitantes da zona do euro. O aumento do desemprego é o outro lado da moeda da recessão nos 16 países da zona monetária, onde mais de 3 milhões de pessoas perderam seu emprego nos últimos 12 meses.

Enquanto preços decrescentes aumentam o poder de compra do consumidor europeu, o aumento do desemprego freia o consumo privado. Para os próximos meses, especialistas esperam um aumento da taxa de desemprego na zona do euro. "Isso deverá afetar o consumo", afirmou o analista do Citigroup Jürgen Michels à agência de notícias Reuters.

Até agora, a introdução de uma carga horária de trabalho reduzida dificultou o aumento do consumo. Além disso, se as empresas não receberem novas encomendas, prevê-se uma onda de desemprego para o outono europeu deste ano, afirmou a Reuters.

Todos os 75 analistas entrevistados pela agência de notícias são da opinião de que, até meados de 2010, o Banco Central Europeu manterá sua taxa básica de juros na marca inferior recorde de 1%. Assim, o BCE procura aquecer o consumo, evitar a recessão e o perigo de uma deflação.

Otimismo do FMI

Apesar dos números divulgados nesta sexta-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) está otimista quanto às perspectivas econômicas europeias. Na semana passada, o FMI elevara os prognósticos de crescimento da economia europeia em 2010 para 2,5%.

Marek Belka
Marek Belka aconselha sanear bancos, mas não sabe quaisFoto: picture-alliance/ dpa

Em entrevista à Deutsche Welle, Marek Belka, diretor do departamento europeu do FMI em Washington, afirmou que "todos nós sabemos que a Europa está em recessão. E isso ainda vai durar um certo período. No final do ano, a situação irá se estabilizar um pouco. E esperamos que no próximo ano a economia possa se recuperar".

O antigo primeiro-ministro da Polônia salientou que o saneamento do sistema bancário europeu continua sendo uma das principais condições para a recuperação da economia do continente. "Deve-se fazer tudo para sanear os bancos", declarou.

Belka elogiou a iniciativa do Banco Central Europeu de apoiar a economia através da rápida injeção de dinheiro, o que em tese poderia representar uma ameaça de inflação. Pelo menos a curto prazo, todavia, Belka não vê o perigo de inflação na Europa. "Acho que, no momento, estamos mais preocupados com uma potencial ameaça de deflação", afirmou.

CA/dpa/rtrs/dw

Revisão: Simone Lopes