1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Entrevista

Daniel Martínez (rw)1 de maio de 2008

Meia brasileiro Zé Roberto, do Bayern de Munique, fala sobre as metas de sua equipe, o cansaço de final de temporada e a motivação especial de estar ajudando a escrever a história do futebol alemão.

https://p.dw.com/p/Drvp
Zé Roberto, aos 33 anos, 'surpreso de ter jogado tanto sem lesões ou problemas de saúde nesta temporada'Foto: AP

DW-WORLD.DE: O jogo de volta contra o russo Zenit St. Petersburgo nesta quinta-feira (1º/05) é o último obstáculo do Bayern de Munique para chegar à final da Copa da Uefa. Este objetivo será atingido?

Zé Roberto: Apesar do resultado obtido em casa (1 x 1), temos uma grande oportunidade de chegar à final da Copa da Uefa. Podemos e queremos vencer em São Petersburgo. Estamos em boa forma e a sorte está do nosso lado.

Esta boa fase se evidencia na Bundesliga, talvez também na Copa da Uefa, tendo-se em conta a partida contra o Getafe na rodada anterior. Pode-se depender tanto da sorte?

As partidas internacionais são diferentes das da Bundesliga ou da Copa da Alemanha. Na Copa da Uefa, competem as equipes que não são consideradas as maiores da Europa. Mesmo assim elas são muito fortes, mostram alta qualidade e têm ambição pelo título. Nosso problema é que em casa não temos obtido ótimos resultados, isso aconteceu contra o Getafe e contra o Zenit.

Que explicação você tem para o fato de estar sendo tão apertado e complicado, embora o Bayern tenha os meios para definir as partidas claramente a seu favor?

Viemos jogando até agora dois meios tempos completamente diferentes no mesmo jogo. Na primeira parte, nos apresentamos decididos, agressivos, superiores. Na segunda metade, com alguma freqüência não conseguimos manter este nível. É algo que eu mesmo não consigo explicar. Talvez seja um pouco de cansaço, mas o certo é que – lamentavelmente – no segundo tempo afrouxamos.

Mas para atingir a final da Copa da Uefa a equipe deve ser capaz de manter o nível ao logo dos 90 minutos de jogo.

Isto é certo e exatamente este é nosso objetivo para o jogo em São Petersburgo: manter o rendimento constante e mostrar durante todo o tempo o que se viu no primeiro tempo do jogo contra o Zenit em Munique.

Trata-se de um problema de atitude do grupo?

Em primeira linha, é um problema de condição física, puro cansaço. Mesmo assim sempre saímos do vestiário com a vitória na cabeça, independentemente de quem seja o adversário.

Lúcio foi a figura trágica do jogo de ida desta semifinal em Munique. Seu gol contra custou o empate ao Bayern, o que aumenta a pressão neste jogo de volta. Ele tem o apoio do time? Ele já reconquistou a autoconfiança?

Uma situação como a do gol contra de Lúcio não costuma acontecer sob condições normais. Claro que o grupo respalda Lúcio completamente. Se não fosse assim, não seríamos a equipe que somos. Temos espírito de unidade. Nosso objetivo é triunfar como equipe, e não como indivíduos.

Em sua carreira você nunca disputou tantas partidas em uma temporada como na atual. Como se sente?

Eu me sinto muito bem e estou até surpreso de ter jogado tanto sem ter sofrido lesões ou problemas de saúde. É muito positivo terminar uma temporada tão exaustiva com o corpo e a mente em tão bom estado.

Uma temporada tão puxada como a atual vive-se no máximo a cada três ou cinco anos. Mas para mim e para os demais integrantes da equipe é uma experiência muito boa já ter no bolso um e ¾ dos três títulos que temos por meta conquistar.

Um título e ¾?

Sim, já ganhamos a Copa da Alemanha, o título da Bundesliga está a apenas um ponto e nossas chances de chegar à final da Copa da Uefa são grandes. Tudo isso se enraizou muito fundo nas nossas mentes. No vestiário não se fala de outra coisa e o treinador Ottmar Hitzfeld não pára de repetir como é especial o que estamos vivenciando. Os três títulos, a tripla, é uma coisa que uma equipe conquista apenas uma vez a cada 100 anos. Isso nos motiva muito.

Apesar do cansaço?

Sim, a motivação e as grandes metas nos ajudam a superar o cansaço. Estamos muito concentrados e o corpo seguirá trabalhando porque estamos muito próximos desta conquista histórica.

Aos 33 anos de idade, você sente mais as exigências de três competições diferentes?

Sim, hoje sinto muito mais as exigências do que quando tinha 20 ou 25 anos. Sinto-me muito bem, meu corpo avisa quando precisa de uma pausa. Por outro lado, minha experiência se impõe. Depois de tanto tempo como jogador, sei de que forma posso me regenerar mais rapidamente e escuto o meu corpo. Minha atitude hoje é muito mais profissional e por isso posso manter o alto nível.

O Bayern de Munique é a melhor equipe na qual você já jogou?

Não, a melhor equipe da qual já pude participar foi a seleção brasileira. Agora, se a pergunta se limita a clubes, confirmo plenamente com um sim. O plantel do Bayern de Munique é fantástico, somos muito fortes coletivamente e ao mesmo tempo temos individualistas que podem fazer a diferença em qualquer partida.

É uma motivação especial poder atuar com jogadores tão especiais como Ribéry, Luca Toni e Klose. Ao lado deles, sempre se tem vontade de ganhar tudo. Este plantel irradia um poder tão grande que, quando entramos em campo, não o fazemos apenas para jogar futebol, mas também para derrotar o adversário.