África do Sul: ANC vai formar governo de unidade nacional
7 de junho de 2024Cyril Ramaphosa e outros altos funcionários do partido no poder na África do Sul estiveram reunidos na quinta-feira (06.06) para decidir se deveriam propor formalmente um governo de unidade que reúna todos os principais partidos para resolver o impasse político no país, antes da data limite de 16 de junho.
O ANC perdeu a maioria parlamentar nas eleições da semana passada, o que significa que não pode governar sozinho pela primeira vez pela primeira vez desde o fim do apartheid, há 30 anos.
"Concordamos em condiar os partidos políticos a formar um governo de unidade nacional como a melhor opção para fazer o nosso país avançar", disse Ramaphosa ao anunciar as conclusões da maratona de reuniões do Comité Executivo Nacional do ANC em em Ekurhuleni, a leste de Joanesburgo.
"Um governo de unidade nacional é a maneira mais viável, mais eficaz e mais poderosa de atender às expectativas de todos os sul-africanos neste momento", concluiu o Presidente.
Depois de mais de doze horas de deliberações à portas fechada, o líder do ANC declarou o compromisso do partido em garantir que o novo Executivo de partilha de poder "tenha os meios e a capacidade de construir uma economia inclusiva, criar empregos, acabar com a corrupção, combater o crime e melhorar a prestação de serviços".
O chefe de Estado sul-africano também enfatizou a necessidade de um "diálogo nacional que reúna todos os partidos, todos os parceiros sociais e todos os setores da sociedade para buscar um consenso sobre as ações necessárias para fazer o país avançar".
"Discussões construtivas" com outros partidos
Cyril Ramaphosa confirmou que o ANC manteve "discussões construtivas" com cinco partidos, incluindo a Aliança Democrática (AD) e os Combatentes da Liberdade Económica (EFF), o segundo e o quarto maiores partidos do país, respetivamente.
"O ANC entrou nessas discussões com a mente aberta e o compromisso de conversar com todos os partidos que têm a intenção declarada de promover os interesses do povo", argumentou.
O Presidente não mencionou o novo partido do ex-Presidente Jacob Zuma, o uMkhonto weSizwe (MK), que ficou em terceiro lugar nas eleições depois de concorrer pela primeira vez.
No entanto, o partido MK disse esta quinta-feira que tem mantido contacto com o ANC e que os dois partidos se reunirão "em breve" para discutir pactos governamentais e uma possível coligação.
De acordo com Ramaphosa, os acordos entre os partidos "devem ser feitos por escrito" e "devem ser públicos, transparentes e incluir medidas para responsabilizar os partidos".
O ANC venceu as eleições com cerca de 40,20% dos votos e conquistou 159 dos 400 assentos na Assembleia Nacional - resultados bastante abaixo dos obtidos nas eleições de 2019. Apesar de ter obtido o pior resultado de sempre na votação de 29 de maio, o antigo movimento de libertação, outrora liderado por Nelson Mandela, continua a ser o maior partido do país.
Em segundo lugar ficou a Aliança Democrática de John Steenhuisen, que melhorou ligeiramente os resultados com 21,80% dos votos e 87 assentos parlamentares.