Agricultores de Tete pedem apoio urgente para evitar a fome
19 de abril de 2024O impacto negativo das mudanças climáticas tende a ganhar contornos cada vez mais preocupantes em Moçambique. Os agricultores estão a perder a sua produção devido à seca severa ou, noutros casos, por causa da queda excessiva de chuva que tem alagaso as culturas.
O distrito de Tsangano, na província de Tete, é exemplo disso. Meci Samuel é agricultora, tem um campo de 40 hectares, onde costuma produzir milho. Mas a produção não resistiu ao atual fenómeno climático que está a afetar drasticamente a agricultura e a colocar em causa a segurança alimentar. "Eu perdi tudo, não tenho nada. Perdi tudo, o meu milho secou", conta.
Inácio Carneiro, outro produtor de Tsangano, lamenta a fraca produção. "A seca criou grandes problemas nos nossos campos, o que a gente consegue produzir é por via da rega e, quase nada, não temos produção", diz.
"Nos últimos anos, a produção está cada vez mais a diminuir porque a chuva ou vem a menos, ou vem a mais, é uma complicação", comenta também o agricultor Victor Manuel.
A pouca produção que tem sido obtida resiste através da irrigação dos campos, uma estratégia que não abrange todos agricultores devido à falta de condições.
Plantar em zonas baixas também é vista como outra alternativa para contornar os efeitos das alterações climáticas.
Apoio urgente contra a fome
Os agricultores pedem apoio urgente para evitar a fome e poder ganhar a segunda época de produção agrícola em Tete, como afirma a produtora Meci Samuel. "O governo deve apoiar as pessoas, quem tem zona baixa vai pôr milho, horticultura. Precisamos de apoio e não sei se podem nos apoiar", apela.
Recentemente, a Agência de Desenvolvimento do Vale do Zambeze disponibilizou um investimento de 40 milhões de meticais (equivalente a cerca de 58 mil euro) para minimizar os impactos negativos das mudanças climáticas na província de Tete.
Do valor global, 19 milhões e 400 mil meticais (cerca de 20 mil euros) foram disponibilizados em valores monetários para o desenvolvimento de projetos de produção, processamento e comercialização agrícola.
A outra parte foi entregue em forma de insumos agrícolas, como sementes, moto-bombas, instrumentos de produção e um camião para facilitar o escoamento e o comércio. Um apoio que se pretende que seja contínuo, diz Nelson Rodrigues da Agência de Desenvolvimento do Vale do Zambeze.
"Garantimos também a nossa disponibilidade para; junto do governo local, garantirmos a segurança alimentar e nutricional para as comunidades, bem como o reforço da disponibilidade de produtos para o mercado", disse.
Face à grande perda que os agricultores sofreram em Tete, Romeu Sandoca, chefe do gabinete do governador da província, deixa o apelo: "A prioridade é garantir comida para as famílias durante todo o ano e só depois de termos comida suficiente, podemos pensar em vender o excedente para satisfazer outras necessidades quotidianas, incluindo económicas e sociais."