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Líder social-democrata alemã renuncia após fiasco eleitoral

Ben Knight | tms | com agências
2 de junho de 2019

Líder do Partido Social-Democrata alemão, da coligação do Governo da chanceler Angela Merkel, renunciou ao cargo, após derrota nas eleições para o Parlamento Europeu.

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Foto: picture-alliance/dpa/Bildfunkk/B. v. Jutrczenka

A líder do Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD), parceiro de coligação da chanceler Angela Merkel, anunciou neste domingo (02.06) a sua demissão. A decisão gera preocupações no cenário político alemão e pode causar instabilidade no Governo.

Num comunicado, Andrea Nahles afirmou que pretende, com esta renúncia, "clareza", depois de as questões levantadas nas últimas semanas sobre a sua capacidade de liderança do partido demonstrarem que não tem o apoio dos seus correligionários.

Andrea Nahles está sob intensa pressão depois que o SPD alcançou o seu pior resultado nas eleições europeias. Os social-democratas alemães caíram para o terceiro lugar nas eleições para o Parlamento Europeu, realizadas a 26 de maio, atrás do bloco de centro-direita de Merkel, a União Democrata Cristã (CDU), e dos Verdes.

Além de deixar a chefia do partido, Nahles também vai se afastar da liderança da sua bancada parlamentar. Uma votação na próxima terça-feira (04.06) deve eleger um novo líder da bancada, mas Andrea Nahles preferiu se antecipar para abrir "a possibilidade de que a sua sucessão possa ocorrer de maneira ordenada".

Deutschland | PK Andrea Nahles (SPD) | Europawahlen 2019
Foto: Reuters/F. Bensch

Coligação em risco?

O SPD tinha planos de rever a coligação com a aliança CDU-CSU (União Social Cristã) de centro-direita da chanceler Angela Merkel a partir de setembro. Entretanto, Harald Christ, vice-chefe do fórum económico do SPD, disse ao jornal alemão Bild que a decisão de Nahles colocou o futuro da coligação em sérias dúvidas.

"Para todos os que estão felizes hoje: é uma grande perda para a política alemã. Nahles defende a existência da grande coligação do Governo - cuja estabilidade está agora em questão", disse ele.

Sinais iniciais da CDU sugerem que os conservadores estão determinados a manter a coligação. "O que é importante agora é que a CDU enfatize sua responsabilidade para com a coligação e o Governo", disse um membro do partido, que pediu anonimato, à agência de notícias Reuters. Merkel e a sua sucessora como líder do partido CDU, Annegret Kramp-Karrenbauer, devem fazer declarações no final da tarde de domingo.

Mas outras vozes do partido sugerem que algumas pessoas sentem que chegou a hora de uma mudança. O vice-líder parlamentar Carsten Linnemann disse ao Funke Media Group que a coligação estava numa encruzilhada: ou faz-se um importante progresso político ou enfrenta-se um colapso. "O SPD e a CDU-CSU ainda estão em um grande dilema de coligação", disse ele.

Mas Olaf Scholz, o vice-chanceler e agora o mais antigo político do SPD na Alemanha, já descartou outra coligação com a CDU, pelo menos após a próxima eleição. "Três grandes coligações consecutivas não favoreceriam a democracia na Alemanha", disse Scholz ao jornal Tagesspiegel no sábado, antes do anúncio de Nahles. "Ninguém quer uma continuação da atual coligação depois de 2021 - nem os cidadãos, nem a CDU e certamente não nós, os social-democratas".

Anstecker der Volksparteien CDU und SPD auf brüchigem Grund
Foto: picture-alliance/dpa

A agência de notícias alemã DPA informou que a liderança do SPD realizará uma cimeira de crise no domingo à tarde. No entanto, uma conferência partidária será necessária para eleger um novo líder, que levará algumas semanas para ser organizado.

Primeira líder feminina do SPD

Nahles tornou-se líder do SPD em abril de 2018, tendo liderado o grupo parlamentar desde setembro de 2017. Nahles foi a primeira mulher na liderança do partido, que tem raízes desde 1863 e é o mais antigo partido no Parlamento alemão.

Desde 2013, o SPD governou em "grandes coligações" com o bloco conservador formado pela CDU de Merkel e a CSU da Baviera. Mas depois de um resultado historicamente fraco nas eleições gerais de 2017, quando o partido ganhou apenas 20,5% dos votos nacionais, houve uma pressão intensa por parte dos membros de base do partido e da esquerda para não unir forças com Angela Merkel novamente.

A percepção difundida entre analistas políticos e membros do partido é que governar sob a sombra de Merkel apenas prejudicou o partido, deixando-o incapaz de encontrar um perfil político claro. No entanto, o SPD foi crucial na formulação de algumas das políticas governamentais de Angela Merkel, incluindo a introdução de um salário mínimo nacional.

Foi somente após o colapso das negociações de Merkel com o Partido Democrático Livre (FDP) e com os Verdes no final de 2017 que a liderança do SPD optou por ajudar o chanceler a formar um novo Governo. E Andrea Nahles foi um dos principais proponentes do movimento.

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