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Fim de uma era: CDU escolhe sucessor de Angela Merkel

Sandrine Blanchard | Jefferson Chase | mjp | Lusa
7 de dezembro de 2018

É um dia decisivo na Alemanha: a União Democrata Cristã (CDU) escolhe esta sexta-feira o sucessor de Angela Merkel na liderança do partido. Secretária-geral Kramp-Karrenbauer e advogado Friedrich Merz são os favoritos.

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Angela Merkel de saída: CDU escolhe hoje quem será o novo líder do partido e candidato a chanceler em 2021Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler

Chefe do Governo alemão há 13 anos e líder da CDU há 18, Angela Merkel anunciou em outubro a intenção de não se recandidatar. Agora, 1001 delegados conservadores têm pela frente uma decisão importante neste congresso em Hamburgo: ao escolherem o novo líder, estarão a apontar o seu novo candidato a chanceler, em 2021.

Vários elementos do partido mostraram interesse na corrida, mas há três que se destacam. Os favoritos são a secretária-geral Annegret Kramp-Karrenbauer, apelidada de "mini Merkel" e Friedrich Merz, a quem muitos chamam "Anti-Merkel". O ministro da Saúde, Jens Spahn, igualmente crítico da chanceler, é outro nome em destaque.

Kramp-Karrenbauer, a "mini Merkel"

Segundo a mais recente sondagem da emissora pública ARD, cerca de 45% dos inquiridos apoiam Annegret Kramp-Karrenbauer para liderar a CDU. Com 56 anos, a atual secretária-geral do partido conta com uma experiência política de quase 20 anos e o estatuto de "delfim" de Angela Merkel.

Deutschland CDU-Regionalkonferenz Düsseldorf l CDU Gerneralsekretärin Annegret Kramp-Karrenbauer
Annegret Kramp-Karrenbauer Foto: Imago/J. Schüler

Ao contrário dos outros dois candidatos, Kramp-Karrenbauer já venceu eleições - algo que lhe confere uma certa legitimidade popular. E insiste na mensagem centrista e integradora da CDU para tentar convencer o eleitorado dividido: "O importante, e acho que todos os candidatos sabem, é que a CDU continue coesa mesmo depois da eleição. É a tarefa de todos cumprir este objetivo." Kramp-Karrenbauer é a mais moderada dos três principais candidatos e um símbolo da continuidade.

Friedrich Merz, o "anti-Merkel"

Já Friedrich Merz representa a cisão mais radical com Angela Merkel e as suas políticas. Com 63 anos, o gestor financeiro é tido como um representante da ala conservadora do partido. Abandonou a linha da frente da política depois de um conflito com Merkel, em 2002.

Deutschland CDU-Regionalkonferenz Düsseldorf l Ex-Fraktionschef Friedrich Merz
Friedrich MerzFoto: picture alliance/dpa/F. Gambarini

Entretanto, Merz construiu uma carreira de sucesso. Preside actualmente ao conselho de supervisão da filial alemã do controverso fundo de investimento BlackRock. Multimilionário, apresenta-se como um membro "da classe média alta ".

Agora, está pronto para fazer frente à chanceler, que considera "demasiado à esquerda". A sua prioridade é impedir os eleitores de apoiarem o movimento populista Alternativa para a Alemanha devido à frustração com os partidos tradicionais. Mesmo que as suas propostas causem controvérsia: "Temos de nos preparar para questioner o direito constitucional ao asilo se queremos realmente uma política europeia sobre migração e refugiados."

Jens Spahn: Jovem, conservador, populista

Com menos hipóteses de vencer, segundo as sondagens, surge o ministro da Saúde. Com 38 anos, Jens Spahn apresenta-se como representante de uma direita "descomplexada" e anti-Merkel. Considerado demasiado novo, não é olhado com muita confiança. Propõe uma viragem à direita, nomeadamente na questão da migração. E revela uma queda para a retórica populista. 

Deutschland, Berlin: Bundesgesundheitsminister Spahn zu GKV-Versichertenentlastungsgesetz
Jens SpahnFoto: picture-alliance/dpa/S. Schuldt

Entre os favoritos na corrida à liderança da CDU, parece ser o candidato mais conservador: "Combinar a modernidade cosmopolita, tendo em conta os valores nacionais e preservando a noção de família: é isto que quero desenvolver e garantir à minha geração nos próximos dez ou vinte anos."

Fim da era Merkel

O nome de Angela Merkel não está no boletim de voto no congresso deste fim-de-semana, mas a eleição desta sexta-feira (07.12) é, ainda assim, um referendo à chanceler.

CDU escolhe sucessor de Angela Merkel

A líder da CDU decidiu pôr fim à sua carreira política depois de as sondagens e eleições regionais darem conta de uma queda da popularidade da CDU.

Muitos membros do partido dizem que a culpa é de Merkel e da sua política de acolhimento de refugiados - que a Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita, aproveitou para roubar eleitores à CDU. Os democratas-cristãos estão, por isso, muito divididos entre os campos pró e anti-Merkel.

Qualquer que seja o desfecho da eleição desta sexta-feira, tudo aponta para novos contornos na estratégia política da CDU, que já se prepara para as eleições europeias, em maio de 2019.