Alemanha sai do G19 mas mantém apoio a Moçambique
7 de outubro de 2015A Alemanha deixou de fazer parte do grupo de apoio programático a Moçambique, constituído por 19 parceiros internacionais. Outros quatro países, nomeadamente a Bélgica, Dinamarca, Holanda, Noruega, anunciaram igualmente a sua saída do chamado G19, que passa a ser formado agora por 14 parceiros: Áustria, Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Banco Mundial (BM), Canadá, Espanha, Finlândia, França, Irlanda, Itália, Portugal, Reino Unido, Suécia, Suíça e União Europeia (UE).
O embaixador da Alemanha em Moçambique, Philipp Schauer, explicou à DW África que a decisão foi tomada pelo Parlamento alemão, por considerar que esta modalidade de ajuda não permite um controlo direto da utilização dos fundos concedidos.
"O Parlamento não gosta muito do instrumento em si", disse. Esta modalidade de apoio é por vezes "muito discutida" porque "dá dinheiro direto ao Orçamento e o controlo obviamente não é tão grande como quando se faz um programa ou um projeto implementado diretamente pelo Governo com a nossa ajuda", esclarece o diplomata.
Philipp Schauer considera que a decisão não vai afetar a ajuda a Moçambique nem as relações entre os dois países que descreveu como "muito boas". O mesmo montante será agora canalizado para programas. "Não há uma diminuição do apoio da Alemanha, só trabalhamos com um instrumento diferente", sublinha.
A ajuda da Alemanha a Moçambique, que desde o início da cooperação bilateral há 40 anos atingiu mais de um bilião de euros, é estimada em 128 milhões de euros para o biénio 2014-2015, incidindo em três pilares: educação, descentralização e apoio às pequenas e médias empresas. A Alemanha é atualmente o principal doador bilateral no sector da educação em Moçambique, para o qual canaliza 15 milhões de euros.
Tensão política
Durante a entrevista à DW África, o embaixador da Alemanha manifestou preocupação face aos recentes acontecimentos em Moçambique, na sequência da alegada emboscada de que foi alvo a comitiva de Afonso Dhlakama, líder do maior partido da oposição, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), a 25 de setembro.
"Estamos um pouco preocupados e queremos que se esclareça o que aconteceu. Pedimos uma investigação", disse Philipp Schauer. O diplomata alemão defende que a solução para a paz passa pela negociação. Apela a um diálogo "menos excludente, menos formal e menos confrontativo" e pede que se pense num processo de reconciliação.
O maior partido da oposição moçambicana suspendeu as conversações com o Executivo há cerca de um mês, alegando ausência de progressos. Em breve, o Governo e a RENAMO deverão retomar o diálogo político para o restabelecimento da paz no país, anunciaram recentemente as lideranças das duas partes.