Ammy Injai canta por uma Guiné-Bissau em paz
8 de novembro de 2013“Willi Mansa significa: levanta chefe da aldeia, em crioulo régulo”, explica assim a jovem cantora guineense o nome do seu primeiro álbum.
Na canção com o mesmo nome, Ammy Injai faz um reconhecimento ao seu pai e aos seus antepassados. “Fiz questão de homenageá-los porque, para mim, os ensinamentos e palavras deles são sábios, nunca vão morrer”, conta.
As palavras sábias dos antepassados inspiraram Ammy Injai pela dedicação que entregou à produção deste CD de estreia, composto de dez temas.
São de destacar as canções que recuperam algumas das tradições musicais da Guiné-Bissau.
Agora a viver em Lisboa com a mãe, a cantora tem sido veículo dos sentimentos dos guineenses na diáspora, que seguem à distância as reviravoltas na vida política, económica e social na Guiné-Bissau.
A Guiné no coração
Na canção “Terra”, Ammy Injai faz um retrato do país natal, onde há miséria, os salários não são pagos a tempo e as escolas não funcionam em pleno. Ammy espera que a mensagem toque os corações dos guineenses.
“Cantei este tema, mostrando como é que eu quero que a Guiné seja, como quero que a Guiné se transforme. Porque eu sei que a Guiné merece, aproveitei para dizer aos governantes, aos filhos da Guiné que, com a Guiné no coração, vai ser um país de paz”, acredita a artista.
Assim como Ammy, vários músicos têm feito vários apelos para a mudança no país. Aspiram uma Guiné-Bissau em paz e a progredir num clima de estabilidade. Daí o refrão persistente que exorta à unidade e à reconciliação entre os guineenses.
A música expressa “uma revolta construtiva, no sentido de dizer para que construam a Guiné-Bissau”, esclarece a jovem artista.
Cantar a Guiné-Bissau ao mundo
Aminata, como era conhecida, foi descoberta por Juca Delgado, um dos ícones da música guineense, radicado em Portugal e promotor de jovens talentos.
O produtor tem guiado a carreira da conterrânea e encabeçou a viagem a Macau, acompanhado de vários outros músicos, que participaram na 5ª Semana Cultural da China e dos Países Lusófonos (entre 28 de outubro e 1 de novembro).
O espetáculo em Macau contou com “um pequeno grupo de dança e uma parte audiovisual para mostrar toda a imagem da Guiné, em termos da natureza e também do seu lado humano”, descreve o produtor Juca Delgado.
O disco já apresentado à comunicação social na Guiné-Bissau (em maio de 2013) foi recentemente lançado em Lisboa. Teve um acolhimento extraordinário em Portugal, mas também na Alemanha, Espanha e França.
Ammy Injai tem em agenda convites para outros destinos, como Estados Unidos e Inglaterra, para onde também vai continuar a transportar o sonho de ver renascer uma nova Guiné-Bissau.
Violência é surda aos apelos de paz
Apesar dos apelos de artistas e da comunidade guineense, o país tem sido marcado por episódios de violência.
Recentemente (05.11), o ministro de Estado dos Transportes e Telecomunicações da Guiné-Bissau, Orlando Viegas, foi espancado à porta de casa, em Bissau, e encontra-se em estado muito grave.
Uma comissão de inquérito "urgente" está já a investigar o caso, segundo o Procurador-Geral da República guineense, Abdu Mané.