Angola: Ano letivo novo, problemas antigos
5 de setembro de 2022Neste novo ano letivo, o secretário provincial do Sindicato de Professores do Bengo, César António, espera ver, por exemplo, o aumento do bolo orçamental destinado ao setor da educação.
"Esperávamos que, com este novo ano letivo e novo exercício económico que se avizinham, houvesse um aumento do bolo orçamental na Educação", diz.
"E que atingíssemos pelo menos 10%, algo que nunca atingimos - embora a orientação da SADC [Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral] seja de cerca de 18%. Mas a começar com 10% já seria alguma coisa.", acrescenta César António.
Nesta altura, assiste-se a uma correria de encarregados de educação à procura de uma vaga nas escolas para os educandos.
"Queria que o Estado fizesse alguma coisa"
No Bengo, mais de 130 mil alunos vão frequentar as aulas, mas outros tantos correm o risco de ficar em casa por falta de oportunidades.
"Queria que o Estado fizesse alguma coisa para aumentar o número de vagas. Nesta escola, por exemplo, disseram que há 30 vagas", lamenta um encarregado de educação.
"É lamentável um Governo no poder há mais de 45 anos e que a esta altura ainda não criou condições para as crianças estudarem", diz outro pai.
Já o diretor do Gabinete Provincial da Educação no Bengo, Manuel Fernando, está convicto de que existem condições para o arranque das aulas, até porque há salas de aulas disponíveis para o número de alunos matriculados.
"E temos infraestruturas melhoradas, no âmbito do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM) e da manutenção e conservação. Portanto, são condições possíveis para o arranque do ano letivo", garante.
Melhorar as condições de trabalho
O diretor do Gabinete Provincial da Educação no Bengo também promete que vai continuar a trabalhar para melhorar as condições de trabalho dos professores.
"Nós estamos, até aqui, sem qualquer preocupação. No entanto, no decurso do ano letivo, vamos continuar a trabalhar no sentido de melhorar as condições de trabalho dos professores", afirma.
Mas o sindicalista César António diz que os professores são marginalizados pelo Governo angolano. E fala numa possível greve nos próximos meses.
"Já foi remetida uma adenda do caderno reivindicativo ao Ministério da Educação, e aos outros ministérios afins, para que possam responder satisfatoriamente às preocupações. E, claro, caso não sejam satisfeitas estas preocupações, poderá haver uma greve ao nível do país", avisa.