Angola aplica "métodos repressivos da ditadura salazarista"
24 de agosto de 2015Em entrevista à DW África, o ex-comandante militar e companheiro do líder histórico da UNITA, Jonas Savimbi, considera a atual situação política, económica e social ''uma traição e uma vergonha'' para aqueles que lutaram pela libertação de Angola, e acusou a classe dirigente do país de ter encarnado os “métodos repressivos e autoritários da ditadura colonial Salazarista”.
Figura notável do maior partido da oposição em Angola, Samuel Chiwale, é um dos generais mais respeitáveis do país que, no ano de 1966, ajudou a fundar o movimento idealizado por Jonas Malheiro Savimbi: a União Nacional para Independência Total de Angola - UNITA.
A sua participação na luta de libertação nacional começou muito antes da criação do movimento do Galo Negro, há 49 anos. Hoje, com 71 anos, o ex-comandante das FALA – as Forças Armadas de Libertação de Angola, o então braço armado da UNITA, fala sobre a situação política, económica e social do país, sobretudo da crescente onda de ataques à liberdade de expressão e aos direitos humanos.
Uma traição para quem lutou pela independência
Apegando-se naquilo que foram as aspirações de liberdade alimentadas no seio dos nacionalistas envolvidos na luta contra a opressão e pela independência, Samuel Chiwale, diz-se revoltado, com o que está acontecer atualmente no país, considerando ser ''uma traição e uma pouca-vergonha para aqueles que deram as suas vidas para a libertação da pátria”.
Para além de considerar “repugnante” a situação em que o país está mergulhado, o ex-combatente na guerra pela independência de Angola, acusa o regime do Presidente José Eduardo dos Santos e do MPLA, no poder desde a independência em 1975, de ter “encarnado os métodos repressivos e autoritários da ditadura colonial Salazarista”.
O general refere que “não lutaram para beneficiar um grupo pequeno de elementos” mas pela “distribuição equitativa da riqueza” e isso não está a acontecer, diz Chiwale.
"Derrubar o MPLA através do voto"
O nacionalista Samuel Chiwale, não deixou de falar sobre a detenção dos 15 jovens ativistas acusados de planearem um golpe de Estado, das perseguições contra opositores do regime, assim como, jornalistas independentes.
Contudo, o general Samuel Chiwale, entende que os angolanos só têm uma saída para inverter a situação atual: “derrubar o MPLA através do voto do povo angolano nas eleições que se avizinham em 2017. Caso contrário, as lamentações irão continuar”, conclui o general.