“Angola precisa de uma segunda independência”
11 de novembro de 2014Angola assinala esta terça-feira (11.11) 39 anos de independência nacional. O país africano tornou-se independente de Portugal a 11 de novembro em 1975, depois de quase 500 anos de presença colonial.
Após 14 anos de guerra, a independência foi proclamada por António Agostinho Neto, líder do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e primeiro Presidente de Angola.
Os principais partidos políticos angolanos, com destaque para o MPLA (no poder), União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) e Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) continuam a manifestar posições opostas sobre os ganhos alcançados na luta pela independência do país.
O partido no poder considera que o grande desafio tem sido o do crescimento. Para a UNITA, o maior partido na oposição, o país ganhou um neo-colonizador e, por isso, os angolanos precisam de conquistar “uma segunda independência”.
“Independência total”
“Falta a independência total, que é baseada na liberdade – que não existe –, na justiça social, no respeito dos direitos humanos, na igualdade de oportunidades”, afirma o secretário-geral da UNITA, Vitorino Nhany.
“Só têm oportunidades aqueles que sustentam o cartão do MPLA”, critica o político da oposição, sublinhando que “todos os angolanos deveriam usufruir dos recursos que o país produz”.
Segundo o secretário-geral da UNITA, também “falta a independência dos tribunais e do poder legislativo”, porque em Angola “não há separação de poderes”.
Dificuldades persistem
Ngola Kabangu, figura histórica de Angola ligada à FNLA, um dos três movimentos de libertação nacional ao lado do MPLA e da UNITA, afirma que os princípios que nortearam a luta pela independência estão a ser “esvaziados do seu verdadeiro conteúdo” pelo Governo do MPLA.
“Infelizmente, 39 anos após a proclamação da independência, ainda temos grandes dificuldades, sobretudo no domínio das liberdades colectivas e individuais dos angolanos”, lamenta.
Ngola Kabangu diz estar a celebrar a independência com profunda tristeza pelo facto das entidades angolanas continuarem a discriminar aquele que foi o primeiro líder do movimento que inicialmente conduziu a guerra anticolonial.“Esqueceram-se que foi Holden Roberto que conduziu vitoriosamente a luta de libertação nacional”.
Desafio do crescimento
O MPLA considerou, em comunicado distribuído à imprensa, que “num momento ímpar como este, em que a paz se consolida todos os dias, o grande desafio é o do crescimento”, para que a economia angolana seja mais robusta e possa produzir mais bens e serviços, competindo com as outras da região e fazendo distribuir melhor a riqueza nacional.
Aos ganhos importantes alcançados nos 39 anos de independência o secretário-geral do partido no poder, Julião Paulo ”Dino Matross”, acrescenta a “formação de quadros e a questão da saúde”