Angola dá explicações sobre desaparecimento dos 32 mil milhões de dólares
18 de janeiro de 2012O governo de Angola negou o desaparecimento de 32 mil milhões de dólares (25 mil milhões de euros) das contas públicas, conforme havia sido alegado no último ano (21/12/11) pela organização não-governamental britânica HRW.
Angola comunicou a sua posição quanto ao suposto sumiço do dinheiro depois da HRW enviar uma carta aberta ao ministro das Finanças angolano, Carlos Alberto, exigindo que o governo preste declarações à sociedade civil angolana. A pressão da HRW parece ter surtido efeito, já que o governo de José Eduardo dos Santos deu a sua visão dos fatos numa nota divulgada pela agência Angop.
Angola admite rombo
O governo angolano admite que existe uma discrepância de registo contabilístico nas contas nacionais, mas justifica a falta do valor em questão dizendo que se trata provavelmente de uma transferência de fundos para contas de garantia no estrangeiro ou porque houve "falta de registo adequado das operações parafiscais realizadas pela Sonangol ou outras entidades fora do governo central", divulgou a agência de notícias Lusa, nesta quarta-feira.
Segundo a Angop, "o Executivo angolano lamenta a leviandade e sensacionalismo com que este assunto foi abordado pela imprensa".
De acordo com a HRW, o valor alegadamente desaparecido equivale a um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) de Angola.
Entrevista à DW
Na última terça-feira (17/01), dia em que a carta aberta foi enviada ao governo angolano, a DW conversou com Lisa Rimli da HRW. Em entrevista, ela justifica a atitude da ONG dizendo que o montante desaparecido dos cofres públicos é elevado demais para não se exigir uma explicação pública.
Lisa Rimli disse ainda que o ministro das Finanças angolano, Carlos Alberto divulgou à imprensa local que até receber a carta não tinha conhecimento do relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Ao ser questionada quanto à atitude dos partidos com acento parlamentar em Angola, nomeadamente da UNITA, o principal partido da oposição, que não interpelou de forma concreta o governo, ela disse saber apenas do Partido Popular (que não tem assento no Parlamento). Este teria mencionado o rombo milionário ao queixar-se junto à Procuradoria Geral da República de Angola sobre a corrupção.
Autor: António Rocha
Edição: Bettina Riffel/Madalena sampaio