Angola: Família de Agostinho Neto indignada
4 de setembro de 2020Num comunicado de imprensa, a viúva e os três filhos de António Agostinho Neto repudiaram a associação do nome do seu parente a processos em investigação contra Carlos Manuel de São Vicente, esposo da primeira filha do antigo chefe de Estado angolano.
O documento, citado pela agência noticiosa angolana, Angop, igualmente assinado pela Fundação Dr. António Agostinho Neto, refere que o primeiro Presidente de Angola faleceu em setembro de 1979, seis anos antes do casamento da sua primeira filha, em 1985, com Carlos Manuel de São Vicente e, nesse sentido, considera, "um absurdo associar o seu nome a processos judiciais em investigação".
"O Presidente Agostinho Neto, o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola, partido no poder) e o seu Governo, de 1975 a 1979, nunca pactuara com a corrupção no país", sublinha-se no comunicado, frisando ainda que o mesmo "teve uma presidência decente, honesta e transparente e não atribui negócios, concessões, licenças ou privilégios aos seus filhos".
Para a família, sejam quais forem as circunstâncias do processo judicial em curso "é absolutamente condenável" que se invoque o nome do Presidente António Agostinho Neto.
"Não queremos nem devemos substituir-nos à justiça. Mas temos o dever de defender o nosso bom nome, dignidade e honra. Na nossa família, na nossa Fundação ninguém é corrupto", destaca-se no documento.
"Ninguém deve antecipar-se aos tribunais"
Nesse sentido, foi solicitado aos órgãos de comunicação social nacionais e internacionais, bem como às autoridades angolanas e suíças a absterem-se de envolver o Presidente Agostinho Neto em processos judiciais.
A nota enfatiza que "ninguém deve antecipar-se aos tribunais, lavrando sentenças em forma de notícias sem factos, provas, rigor, respeito do segredo de justiça e do sigilo bancário", apelando ao respeito pelos direitos de personalidade e da vida privada e íntima.
Esta semana, o nome do genro do primeiro Presidente de Angola surgiu em várias notícias por suspeitas de lavagem de dinheiro, segundo um blogue que acompanha questões judiciais na Suíça.
De acordo com o blogue judicial suíço Gotham City, que cita o despacho do Ministério Público da Suíça, foram sete as contas congeladas do ex-presidente da AAA Seguros Carlos Manuel de São Vicente, das quais os fundos de seis foram já libertados, mantendo-se congelada a conta que tem cerca de 900 milhões de dólares, o equivalente a mais de 752 milhões de euros.